Crédito, Empréstimos

Tá ruim, mas tá bom: bolsas sobem com fé no Fed; Ibovespa sobe 1% e dólar cai para R$ 4,05; juros caem

As bolsas de valores tiveram um dia de recuperação hoje, com os investidores ponderando as notícias ruins do mercado de trabalho americano com as chances de o Federal Reserve (Fed, banco central americano) reduzir mais os juros nos EUA.

Hoje, o Departamento do Trabalho dos EUA divulgou o balanço do emprego (payroll) de setembro e os números mostraram a criação de 136 mil vagas, 10 mil a menos que o esperado pelo mercado, mas uma taxa de desemprego em queda, de 3,7% para 3,5%, a menor em 50 anos. Os números de criação de vagas de agosto e julho foram revistos para cima e a média no trimestre ficou em 157 mil por mês, o que permitiu a queda no desemprego.

Com um dado não tão ruim, mas ainda preocupante, o mercado reforçou as apostas em um corte nos juros na reunião do Comitê de Mercado Aberto (Fomc) do Fed no dia 30 deste mês, de 0,25 ponto, levando a taxa para o intervalo entre 1,50% e 1,75%. E as bolsas americanas e europeias fecharam em alta, recuperando parte das perdas da semana. O Índice Dow Jones subiu 1,42%, o Standard & Poor’s 500, também 1,42% e o Nasdaq, 1,40%. Mesmo assim, o Dow fechou em queda de 0,92%, enquanto o S&P500 perdeu 0,33% e o Nasdaq conseguiu fechar em alta, de 0,54%. Os juros de 10 anos do Tesouro dos EUA caíram mais um pouco e fecharam em 1,53% ao ano. O petróleo subiu em Nova York, 1,07%, para US$ 53,01 o barril.

Na Europa, o dia também foi de recuperação, com o Financial Times de Londres subindo 1,10%, o DAX, de Frankfurt, 0,73%, o CAC, de Paris, 0,91% e o índice regional Stoxx 600, 0,73%.

Dólar cai e derruba juros

No Brasil, o dólar acompanhou a fraqueza da moeda americana no exterior devido à expectativa de redução dos juros americanos e economia esfriando. O dólar comercial fechou em queda de 0,80%, vendido a R$ 4,057. O dólar turismo caiu 0,7%, para R$ 4,28.

Com o dólar em queda, os juros futuros acentuaram as revisões das projeções para baixo, diante da expectativa de que a moeda americana não pressionará a inflação e permitirá ao Banco Central continuar cortando os juros básicos. A estimativa do contrato para janeiro de 2021, que dá a projeção do juro Selic até o fim do ano que vem, caiu mais 0,02 ponto, para 4,86%. Para janeiro de 2022, a taxa caiu 0,01 ponto, para 5,48%. Para janeiro de 2025, o juro projetado é de 6,58% ao ano.

Ibovespa sobe 1% e estrangeiros tiram R$ 2,7 bi da Bovespa

Na bolsa, o Índice Bovespa fechou em alta de 1,02%, aos 102.551 pontos, recuperando parte das perdas da semana e com um volume negociado de R$ 15,5 bilhões, próximo da média do ano, de R$ 16 bilhões. Mesmo assim, o índice fechou a semana com perda de 2,40%. No mês, o índice cai 2,09%, reduzindo o ganho no ano para 16,69% e em 12 meses, para 23,63%.

Os estrangeiros começaram o mês tirando dinheiro da bolsa brasileira. Apenas nos dois primeiros dias de outubro, a saída já chega a R$ 2,7 bilhões, um movimento explicado pela forte aversão a risco que tomou conta dos investidores ao longo desta semana com os sinais de desaquecimento dos EUA.

Vale sobe e BTG cai 4%

As maiores altas do dia do Ibovespa foram RaiaDrogasil ON, 6,22%, Magazine Luíza ON, 3,97%, Intermédica ON, 3,67%, Bradespar ON, 3,60% e Ambev ON, 3,39%. As maiores quedas foram de BTG Unit, 4,43%, Ultrapar ON, 1,84%, Cielo ON, 1,41%, Embraer ON, 1,28% e JBS ON, 1,10%. Embraer sofreu com a notícia de que a União Europeia iniciou uma investigação sobre a fusão da empresa com a americana Boeing. Entre os papéis de maior peso no índice, Vale foi destaque, com alta de 2,53%, o que explica também a alta de Bradespar, holding do Bradesco que possui grande quantidade de ações da mineradora. Bradesco PN subiu 1,02% e Itaú Unibanco PN, 0,48%. Petrobras PN caiu 0,86%.

Marfrig sobe 8% na semana e BTG perde 11%

Na semana, apesar do cenário ruim, Marfrig ON acumulou alta de 8,01%, seguido de Cyrela Realty ON, 6,54%, RaiaDrogasil ON, 5,56% e Intermédica ON, 5,41%.

As maiores quedas da semana no índice Bovespa foram de BTG Banco Unit, 11,16%, atingido pelas denúncias do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, que acusou o principal executivo do banco, André Esteves, de receber informações privilegiadas sobre a política de juros do Banco Central do ex-ministro Guido Mantega. Ambos negam as acusações, mas uma nova ação da Polícia Federal esta semana na sede do BTG voltou a derrubar as ações do banco, que já tinham sofrido outra operação da PF envolvendo negócios com a Petrobras na África alguns meses atrás.

Bancos puxam baixa do índice na semana

Outro destaque de queda foi Itaúsa PN, 6,57%, BB Seguridade ON, 6,11%, Braskem PNA, 6,08% e Bradesco ON, 5,92%. Braskem sofreu com a notícia de que a Caixa Econômica Federal pediu a falência da Odebrecht, controladora da empresa petroquímica. Os bancos foram destaque de queda na semana, o que costuma ocorrer quando há saída forte de estrangeiros da bolsa, como ocorreu nos primeiros dias deste mês por conta do cenário externo. A ação PN do Bradesco perdeu 5,92% na semana e a do Itaú, 5,81%.

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