Crédito, Empréstimos

Crediário é usado por 3 em cada 10 brasileiros; inadimplência cai; 30% não olham custo

Embora venha perdendo força com a popularização de outras modalidades de crédito, especialmente nos grandes centros urbanos, o crediário ou o cartão de loja continua presente na vida de um terço dos brasileiros. É o que mostra levantamento realizado nas 27 capitais pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Segundo a pesquisa, três em cada dez brasileiros (30%) fizeram uso de crediário (carnê, boleto a prazo ou cartão para compras exclusivas em uma loja) nos últimos 12 meses – sendo que 26% recorreram a essa modalidade todos os meses. Outros 31% a cada dois ou três meses e 31%, três vezes ou menos no ano.

44% já ficaram com o nome sujo

Apesar das vantagens, todo cuidado é pouco no uso do crediário, já que o aumento do poder de compra também pode levar o consumidor a se endividar, alerta a CNDL. Prova disso é o fato de 44% dos usuários de crediário já terem sido negativados por não cumprir os pagamentos das parcelas.

Inadimplência cai 15 pontos

A boa notícia é que o número representa uma diminuição de 15 pontos percentuais em relação ao ano anterior. Outra boa notícia é que 31% já conseguiram regularizar sua situação, mas 12% ainda estão com o nome sujo – taxa que também representa queda em relação a 2018, dessa vez, de 13 pontos percentuais.

1 em cada 10 está devendo

Oito em cada dez entrevistados (81%) que possuem algum crediário garantem estar com as parcelas em dia, enquanto apenas 10% estão com pagamentos em atraso. A baixa inadimplência no crediário tem relação com a responsabilidade de parte significativa dos consumidores em acompanhar de perto suas finanças.

30% não controlam as prestações

Sete em cada dez (69%) afirmaram realizar o controle dos pagamentos das compras realizadas pelo crediário, seja por meio de caderno, agenda, papel (33%), em planilha de computador (21%) ou aplicativo do celular para finanças pessoais (15%). Ainda assim, 30% não costumam fazer esse tipo de controle.

Baixa renda parcela mais

A falta de condições para realizar o pagamento à vista em dinheiro foi o principal motivo que levou os entrevistados a recorrer ao crediário nesse período (35%), principalmente entre as pessoas de renda mais baixa (40%). Outros 25% viram vantagem na pouca burocracia exigida pelos estabelecimentos comerciais – número que aumentou em 12 pontos percentuais em relação ao ano anterior.

Crediário amplia tentação de comprar mais

Já 20% das pessoas ouvidas optaram pelo crediário com a estratégia de fazer mais compras, opção que cresceu oito pontos percentuais em um ano. A possibilidade de parcelar o valor das compras, aliás, foi a principal vantagem apontada por 30% dos usuários de crediário, enquanto 19% veem vantagem em fazer compras mesmo não tendo dinheiro e 15% em ter prazos maiores para pagamento das aquisições.

“Pagar no crediário permite que a pessoa adquira uma maior quantidade de itens e se comprometa com uma prestação mais acessível, dentro dos limites do orçamento mensal”, afirma o educador financeiro do SPC Brasil José Vignoli. O problema é que essa facilidade pode favorecer o consumo impulsivo e até mesmo o descontrole nas compras, alerta. “Então, é essencial refletir sobre a real necessidade de cada item e fazer as contas para saber se a parcela, ainda que de valor baixo, não irá comprometer o pagamento de outras despesas já assumidas a cada mês”, orienta.

Roupas, calçados e acessórios lideram compras

Artigos de vestuário lideram o ranking de produtos comprados por meio desta modalidade de crédito: metade dos entrevistados (50%) disse que comprou ou costuma comprar roupas, calçados e acessórios no crediário, enquanto 46% preferem utilizá-lo para adquirir eletrônicos – número que representa um aumento de 11 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano anterior. Outros 40% utilizam o crediário para a compra de eletrodomésticos e eletroportáteis.

Maioria parcela em seis vezes

Atualmente, em média, os entrevistados possuem crediário aberto em duas lojas, sendo que 43% solicitaram ativamente o crediário e outros 40% foram convencidos a abri-lo após receber ofertas dos lojistas. Na data da pesquisa seis em cada dez (61%) possuíam cartão de loja e 49%, carnê ou boleto. Seis é o número médio de parcelas em que as compras foram divididas.

30% não analisam custo do crediário

Ainda que aceitar oferta de crédito de vendedores em lojas pareça uma atitude impensada, sete em cada dez entrevistados afirmaram ter analisado as tarifas e os juros cobrados ao contratar o crediário.

Pesquisa ouviu 805 pessoas

A pesquisa entrevistou 805 consumidores, sendo que continuaram a ser entrevistados somente aqueles que disseram ter utilizado crediário nos doze meses anteriores ao estudo – o que corresponde a 30% da amostra inicial. A margem de erro da amostra total é de 3,4 pontos percentuais, para uma margem de confiança de 95%.

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