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Bolsonaro diz que não há fome no Brasil e defende “filtro” em financiamentos a filmes da Ancine

O presidente Jair Bolsonaro afirmou hoje, durante café da manhã com jornalistas correspondentes estrangeiros, que não há fome no Brasil. “Falar que se passa fome no Brasil é uma grande mentira. Passa-se mal. Não [se] come bem”, disse o presidente no café da manhã. “Aí eu concordo, agora, passar fome, não”, acrescentou.

Segundo ele, “você não vê gente, mesmo pobre, pelas ruas com físico esquelético como a gente vê em alguns outros países do mundo”, afirmou. As declarações vieram em resposta a uma pergunta sobre o combate à pobreza no país.

Segundo ele, “adotou-se do governo FHC (Fernando Henrique Cardoso) paracá, PSDB e depois o PT, (a ideia) que a distribuição de riqueza é criar bolsa”, afirmou o presidente. “O que faz tirar o homem da miséria, ou a mulher, e o conhecimento”, completou.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU) para Alimentação e Argricultura (FAO), em 2017, havia “pelo menos 5,2 milhões de brasileiros passando fome”.

Mais tarde, em entrevista dada no Ministério da Cidadania, Bolsonaro admitiu que há fome, mas reafirmou que o brasileiro come mal. “Alguns passam fome”, disse. “É um país que a gente não sabe por que uma pequena parte passa fome e outros passam mal ainda”, disse, comparando as dificuldades do Brasil e de Israel para a produção de alimentos.

Mudanças ou extinção da Ancine

Bolsonaro disse hoje também que vai transferir a sede da Agência Nacional do Cinema (Ancine) do Rio de Janeiro para Brasília. Segundo ele, o governo estuda transformar a Ancine em uma secretaria vinculada a algum ministério.

“É uma ideia que a Ancine vire uma secretaria, ligada a algum ministério. Não sei se do [ministro] Osmar Terra [Cidadania] ou não. Vou conversar com ele”, disse Bolsonaro, após participar da solenidade comemorativa do Dia Nacional do Futebol, no Ministério da Cidadania.

Filtro anti-Surfistinha

Segundo Bolsonaro, o governo fará um filtro sobre as produções audiovisuais. “Vai ter um filtro, sim, já que é um órgão federal. Se não puder ter filtro, nós extinguiremos a Ancine, privatizaremos ou extinguiremos. Não pode é dinheiro público ser usado para filme pornográfico.”

A afirmação foi entendida como uma referência ao filme “Bruna Surfistinha”, baseado no livro “O Doce Veneno do Escorpião”, que conta a história da garota de programa Raquel Pacheco. No filme, Surfistinha é vivida pela atriz Déborah Secco.

No dia anterior, Bolsonaro já havia mencionado o filme durante as comemorações dos 200 dias de governo, afirmando que “Não posso admitir que, com dinheiro público, se façam filmes como o da Bruna Surfistinha. Não dá”, disse. Ele disse não ser “contra essa ou aquela opção, mas o ativismo não podemos permitir em respeito às famílias”, afirmou.

Produtores explicaram, porém, que não foi o filme que foi financiado pela Ancine, mas sim uma série no canal Fox, intitulada “Me chama de Bruna”, e que está na terceira temporada.

Heróis brasileiros

O presidente defendeu a produção de filmes sobre heróis brasileiros. “Temos tantos heróis no Brasil e a gente não fala desses heróis. Não toca no assunto. Temos que perpetuar, fazer valer, dar valor a essas pessoas que no passado deram sua vida, se empenharam para que o Brasil fosse independente lá atrás, fosse democrático, e sonhasse com um futuro que pertence a todos nós.”

Decreto assinado ontem (18) determinou a transferência do Conselho Superior do Cinema do Ministério da Cidadania para a estrutura da Casa Civil da Presidência da República. Ao justificar a medida, em entrevista à imprensa, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, argumentou que o conselho já esteve na Casa Civil e que é preciso acompanhar melhor o retorno dos investimentos públicos no cinema.

Com informações da Agência Brasil e jornais.

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