Arenas das Empresas, Resultados

Lucro do Magazine Luíza cai 23%, para R$ 108 milhões; receita cresce; analistas reveem estimativas

O Magazine Luiza divulgou ontem à noite um lucro líquido pro-forma, sem a Netshoes e os impactos de mudanças contábeis do chamado IRFS 16, de R$ 108 milhões no segundo trimestre, com queda de 23% sobre o mesmo período do ano passado, mas perto da projeção do mercado, de R$ 110 milhões. Considerando o resultado da Luizacred, o lucro teria sido de R$130,0 milhões. Já com a compra da Netshoes, o lucro atingiria R$ 386,6 milhões, 174,7 por cento acima do mesmo período do ano passado.

O papel está em alta de 3,9% na B3, cotado a R$ 37,80 e é o terceiro mais negociado na bolsa.

A receita líquida no período, incluindo a Netshoes, atingiu R$ 4,3 bilhões com crescimento de 16,6%, influenciado principalmente pelo e-commerce, que avançou 56% sobre o ano anterior. Hoje, as vendas eletrônicas representam 41,5% das vendas totais, enquanto as vendas nas mesmas lojas ficaram estáveis, com pequena alta de 0,3% ao ano.

Segundo a Guide Investimentos, o aumento de 8,7% nas vendas das lojas físicas foi impulsionado com a abertura de 102 novas lojas nos últimos doze meses. Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Lajida ou Ebitda, indicador do desempenho operacional da empresa) foi de R$ 304 milhões, com queda de 3,6% sobre o ano anterior, representando uma margem de 7,2%, queda de 1,3 ponto percentual. A queda veio especialmente de uma menor margem bruta no período (-0,8 p.p.), maiores despesas administrativas e de pessoal, fim da Lei do Bom, maior participação do ecommerce nas vendas totais, investimentos em nível de serviços e aquisição de clientes.
A companhia apresentou uma base de clientes ativos de 22,3 milhões, indicando uma possível sobreposição de 1,5 milhão, após a aquisição da Netshoes (12% da base total de clientes).

Para a Guide, os números vieram em linha com o esperado pelo mercado, com boa evolução do e-commerce, principalmente marketplace, e avanço nos dados operacionais com o incremento na oferta de itens. A aquisição da Netshoes ainda deve contribuir mais para acelerar a expansão da Magalu nos próximos trimestres, diz a corretora.

Já o Itaú BBA considera que os resultados do Magazine Luiza mostraram a continuação da tendência muito positiva, principalmente no negócio de comércio eletrônico, em uma combinação de crescimento robusto na operação 1P, excelente expansão do mercado e incentivo da plataforma de logística. O ritmo de crescimento da receita resultou em valores acima do previsto de Ebitda e lucro líquido. O banco diz que vai incorporar os resultados do segundo trimestre bem como os números da Netshoes em seu modelo, para obter uma visão clara das perspectivas e da avaliação da empresa. Hoje, o Itaú tem um preço-alvo para Magazine Luíza de R$ 21,50, abaixo do preço de mercado, de R$ 36,42, e por isso mantém a recomendação de manter para o papel.

Já o Bradesco recomenda compra, com um preço-alvo de R$ 50,00. O banco viu o resultado como forte, com a taxa de crescimento do comércio eletrônico (ex. Netshoes) acelerando em uma base de dois anos. Isto deveu-se principalmente a um forte desempenho do mercado, que agora está começando a contribuir para a margem bruta, bem como o crescimento e a expansão dos produtos. Além disso, houve progresso na área de logística, com 40% das entregas chegando às residências dos clientes em até 48 horas – de 33% no primeiro trimestre e de 15% no segundo do ano passado, além dos 35% de pedidos de comércio eletrônico que são atendidos por meio de clique e coleta em 48 horas.

Segundo o Bradesco, a Netshoes fez apenas uma pequena contribuição para o trimestre, com a aquisição tendo fechado apenas duas semanas antes do fim do trimestre. O banco diz que vê Netshoes como uma aquisição do Magalu potencialmente esperada, e espera que os próximos trimestres mostrem até que ponto ela pode alavancar a base de clientes (principalmente por meio do aplicativo Magalu) e acelerar o crescimento.

O aumento de 53% nos clientes ativos da empresa para 22,3 milhões (incluindo a Netshoes) reforça a visão positiva do banco na capacidade da Magalu de ser um vencedor de longo prazo no mercado de comércio eletrônico do Brasil.

As ações do Magazine Luíza subiram 30% desde que o Bradesco melhorou a recomendação para Outperform, ou compra, quatro semanas atrás, o que coloca a ação em um múltiplo de Valor de Empresa, ou valor de mercado mais dívida dividido pelas vendas brutas de 1.6 vezes. Esse número é o mais alto de todos os tempos e o banco não vê espaço para mais melhoras de indicadores. Apesar disso, o Bradesco diz que continua a ver as vendas surpreendendo positivamente com um crescimento em três anos de 24 ao ano, incluindo lojas e comércio eletrônico.

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