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Depois de tomada hostil e troca de executivos, GWI agora negocia vender ações da Gafisa

A gestora de recursos GWI, do polêmico empresário coreano Mu Hak You, informou hoje ao mercado que estuda vender sua participação na Gafisa, pouco mais de cinco meses depois de assumir o controle da empresa e trocar toda sua administração. A confirmação fez o papel cair de R$ 12,39 ontem para R$ 11,05, ou 10,81%, recuperando-se depois para fechar em R$ 12,22, em baixa de 1,37%. Em um mês, porém, a empresa já perdeu mais de 25% de seu valor em bolsa.

Em 5 de fevereiro, segundo a Economativa, a GWI tinha 24,6% das ações da Gafisa diretamente. Mas, se somadas outras participações, como fundo GWI Brazil and Latam, que tem 12,5% da empresa, e mais as participações em nome de familiares de Mu Hak You, a participação chega a 49,90% da empresa. Foi essa participação que permitiu ao empresário tomar o controle da companhia em 25 de setembro e colocar executivos da gestora no comando da empresa e parentes no conselho, demitindo os diretores e conselheiros antigos e prometendo mudar o estilo de gestão da incorporadora.

Em fato relevante, a Gafisa divulgou uma carta da gestora, que afirma que “Em relação à notícia veiculada pela mídia, em 8/2/2019, o Grupo GWI, do qual GWI Asset Management S.A. faz parte, confirma que, no âmbito de suas atividades de gestão de investimentos e maximização de retorno para os seus investidores, está constantemente avaliando alternativas estratégicas para os seus principais investimentos”. “Nesse contexto, o Grupo GWI confirma que está tendo conversas com terceiros que podem resultar, dentre outras alternativas, na alienação, integral ou parcial, de sua participação na Gafisa S.A”, diz a nota, confirmando os boatos ouvidos no mercado. O Grupo GWI ressalta, porém, que essas conversas são ainda preliminares e que não há qualquer garantia de que qualquer operação será realizada.

Recomendação de venda

Nesta semana, o BB Investimentos mudou a recomendação para a ação da Gafisa, de manter para vender, devido à piora de sua situação financeira. Desde a mudança de gestão ocorrida no final de setembro, a empresa vem passando por uma reviravolta focada em quatro pilares: (i) redução de despesas e revisão de processos e contratos; (ii) revisão da estratégia de vendas com um acompanhamento mais próximo (distribuição das unidades do inventário em 7 grupos de acordo com o perfil dos projetos); (iii) indução de novos negócios (House Up, serviços pós-garantia e locação) por meio de uma estrutura voltada à inovação e (iv) equalização de funding, avaliando alternativas para mitigar o descasamento no fluxo de caixa.

Após a reunião com a empresa, o BB Investimentos revisou as premissas de lançamentos, vendas líquidas e margens a partir de 2019, incorporando um nível mais alto de diligência em lançamentos ao longo deste ano e o foco na venda de estoques. Além disso, revisou as projeções para incorporar despesas extraordinárias relacionadas à redução ao valor recuperável (principalmente devido à saída da empresa do Rio de Janeiro), bem como contingências de projetos entregues nos últimos 5 anos.

Considerando a revisão das premissas, incluindo a redução no custo de capital, o preço- alvo para a ação da Gafisa foi definido em R $ 12,40, ou seja, pouco acima do fechamento de hoje. Como a companhia não deve distribuir dividendos no curto/médio prazo em função dos prejuízos acumulados nos últimos períodos, o banco não vê nenhuma vantagem a ser capturada pelos investidores no momento, motivo pelo qual passou a recomendar a venda da ação. Os riscos para o investimento incluem: (i) ritmo menor que o esperado de vendas de estoque; (ii) atraso nas entregas dos projetos; e (iii) incapacidade de renegociar suas dívidas ou, alternativamente, levantar fundos para liquidá-las.

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