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Corretora vê resultados melhores no 1º tri apesar da economia muito fraca e mostra quem ganhou e quem perdeu

Com a maior parte da temporada de resultados completa, já que o prazo para divulgar os balanços termina dia 15, quarta-feira, a corretora XP Investimentos avalia que, apesar da atividade mais fraca, as empresas registraram resultados em média ligeiramente melhores que o esperado, embora com maiores destaques negativos.

A corretora fez um balanço dos resultados da semana passada, que concentrou boa parte dos balanços, destacando no campo positivo a BR Distribuidora, com melhorias de margens em praticamente todas as linhas de negócio. Gerdau, CSN e Unidas também divulgaram resultados acima das expectativas da XP.

Já Vale, Suzano, BRF e B2W divulgaram resultados mais fracos que o esperado. Os resultados de AES Tietê, Engie, B3, Pão de Açúcar e Carrefour vieram em linha com as expectativas da corretora.

Nesta semana, que marca o fim da temporada de resultados, os destaques são, na segunda-feira, Cosan e JBS, na terça-feira, Banrisul e Taesa, e na quarta-feira, Ultrapar, Marfrig e Cemig.

Destaques desta semana.

A corretora fez uma lista dos resultados positivos desta semana e da passada. Na distribuição de combustíveis, o primeiro trimestre foi desafiador para as distribuidoras, refletindo a maior competição com postos bandeira branca abastecidos por importações. A XP espera que a BR Distribuidora apresente os resultados mais fracos no setor, dada sua significativa perda de participação de mercado. Já a Ultrapar, dona da rede Ipiranga, é o segundo destaque negativo, com menores margens na rede apenas parcialmente compensadas por aumento de volumes.

No caso da JBS, a XP espera um trimestre sazonalmente mais fraco, com lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda ou Lajida) de R$ 2,653 bilhões e margem Ebitda de 5,8%.

Destaques positivos da semana passada

Br Distribuidora (BRDT3): A corretora diz que tem uma avaliação positiva dos resultados da BR Distribuidora, que vieram acima das estimativas dela e do consenso do mercado. Mas, enquanto elogia as melhorias nas margens brutas, adverte sobre a sustentabilidade dessa abordagem em um mercado de distribuição de combustíveis mais competitivo. “Em nossa visão, diante da contínua erosão da participação de mercado, as margens da BR Distribuidora acabarão eventualmente cedendo, seja na forma de descontos ou maiores despesas de marketing, mesmo em um cenário de privatização.”


CSN (CSNA3): A CSN divulgou um forte primeiro trimestre, com resultados para mineração mais fortes, compensando números mais fracos do que o esperado de aço. O Ebitda consolidado de R$ 1.587 bilhão foi 10% acima do projetado pela XP (+2% no trimestre e +1% ano a ano), com o Ebitda de mineração 10% acima das projeções e de siderurgia 15% abaixo.

Gerdau (GGBR4): A Gerdau, por sua vez, anunciou resultados sólidos e em linha com a projeção da corretora, com margens fortes nos EUA em 13% e um desempenho geral positivo em custo. No Brasil, a margem Ebitda ficou em 18%, ligeiramente acima da projeta pela XP.

Unidas (LCAM3): a empresa divulgou números acima das expectativas. O lucro líquido recorrente (sem eventos especiais e já adaptado às normas internacionais IFRS 16) foi de R$ 83 milhões (+55% a mais que no ano passado) e cerca de 5% acima da estimativa da corretora e do consenso do mercado, impulsionado principalmente por um desempenho acima das expectativas no segmento de aluguel de carros (RAC).

Resultados em linha

Entre as empresas que divulgaram resultados em linha, a XP destaca:

AES Tietê (TIET11): a corretora diz que ficou com uma avaliação neutra dos resultados do primeiro trimestre. A AES Tietê registrou um lucro líquido de R$ 62,0 milhões, abaixo da estimativa da XP de R$ 77,2 milhões. A companhia também propôs uma distribuição de dividendos de R$ 0,1613 por unit (recibo de ações), o que equivale a um retorno (yield) de 1,5% ou 102% do lucro líquido. A XP diz que continua acreditando que a AES Tietê oferece o melhor risco-retorno entre as elétricas que ela cobre.

Ambev (ABEV3): A Ambev anunciou sólidos resultados para o primeiro trimestre, com destaque positivo para volume de cerveja e bebidas não alcoólicas no Brasil, que cresceram, avalia a XP. Do lado negativo, a América Latina registrou resultados mais fracos do que o esperado, com volume caindo 10,6% no ano. De acordo com a Ambev, a situação macroeconômica na Argentina permanece desafiadora.

Banco do Brasil (BBAS3): entre os principais destaques, a margem financeira veio em linha com as estimativas, em R$ 12,7 bilhões, expandindo-se em 1,8% em relação ao quarto trimestre. A carteira de crédito cresceu 0,5% sobre 2018, com pessoas físicas apresentando forte desempenho mais uma vez, +8,9% sobre o ano passado. O crédito para empresas, por sua vez, caiu 3,7% em relação a 2018 impactado pelas grandes empresas. As despesas líquidas com provisões foram ligeiramente melhores do que o esperado. A receita de serviços recuou 6,1% no trimestre devido à sazonalidade e concorrência mais intensa em diversos segmentos.

BR Malls (BRML3): a XP destaca o crescimento de 5,7% nos aluguéis mesmas lojas (SSR), impulsionado principalmente pelo reajuste da inflação na base de contratos. Houve queda de 0,40 ponto percentual no giro dos lojistas e queda de 1,10 ponto na inadimplência líquida, seguindo melhor desempenho dos lojistas e esforços de cobrança da BR Malls.

B3 (B3SA3): os títulos listados (62% da receita) atingiram R$ 955 milhões, crescimento de 31% em relação ao mesmo trimestre de 2018. Os títulos negociados no mercado de balcão (16% da receita) expandiram-se suavemente, 5,8%. As despesas cresceram 10,3% em relação ao ano anterior, atingindo R$ 665 milhões. A companhia captou R$1,2 bilhão em debêntures no mercado local e atingiu endividamento de 1,2 vez o Ebitda (últimos doze meses), abaixo do guidance de até 1,5 vez dívida bruta / Ebitda recorrente 12 meses.

Carrefour (CRFB3): trouxe resultados sólidos no primeiro trimestre, com o Ebtida do Atacadão e Multivarejo acima das estimativas, enquanto as vendas, divulgadas previamente, foram sólidas. No consolidado, o Ebitda de R$ 983 milhões (+17% sobre o ano passado) e lucro líquido de R$ 413 milhões (+29%) ficaram em linha com as expectativas da corretora, dado que a forte performance do setor alimentar foi compensada pelo desempenho abaixo do esperado da operação financeira.

Engie (EGIE3): a XP diz ter uma visão ligeiramente positiva dos resultados, que vieram ligeiramente acima das estimativas da corretora. Apesar de elogiar as sólidas operações da companhia e as iniciativas recentes de crescimento (exemplificados na aquisição de uma participação na rede de gasodutos TAG), a XP vê as ações como já precificadas.

Lojas Americanas (LAME4): resultados mais fracos do que o esperado no primeiro trimestre, principalmente pelo crescimento de vendas mesmas lojas, com base nos 4 primeiros meses do ano para incluir a Páscoa, de 4,9% sobre o mesmo período do ano passado (versus 8,5% no quarto trimestre). A XP lembra que a Páscoa é um evento muito representativo nas vendas das Lojas Americanas e esse crescimento abaixo do esperado pode trazer decepção no curto prazo.

Magazine Luiza (MGLU3): a rede reportou lucro bruto de R$ 1,211 bilhões no trimestre, em linha com a estimativa, +16,1% sobre o ano passado. Apesar do crescimento acelerado no lucro bruto, a margem bruta de 28% caiu -0,89 pontos percentuais, em linha com o esperado, devido ao repasse gradual da Lei do Bem e maior participação do e-commerce.

Pão de Açúcar (PCAR4): o grupo reportou resultados sólidos e em linha com o esperado. O crescimento de vendas, que já havia sido divulgado, foi consistente e em linha com as expectativas da XP. O jornal O Globo publicou notícia dizendo que o grupo Casino pode anunciar em breve uma reorganização de seus ativos na América Latina, com GPA assumindo papel central na nova estrutura e migrando para Novo Mercado;

Destaques negativos

Entre os destaques negativos da semana, a XP cita:

AZUL (AZUL4): os resultados vieram levemente abaixo das expectativas, impactados negativamente por (i) custos com combustível e atrelados ao dólar pressionados e (ii) despesas relativas a folha de pagamentos mais altas que o esperado. A margem Ebit pelo novo IFRS 16 foi de 13,2%, -3,80 pontos percentuais em relação ao ano anterior. O lucro líquido no trimestre atingiu R$ 138 milhões.

B2W (BTOW3): fraco crescimento das vendas online de 15% sobre 2018, ante uma projeção da XP de 19%, devido principalmente ao impacto da Lei do Bem nas vendas do e-commerce, que caíram 16,5%, ante uma estimativa de queda de 12%. Do lado positivo, o marketplace continua apresentando crescimento sólido e subiu +52% sobre o ano passado, contra a estimativa de +55% da XP.

BRF (BRFS3): reportou resultados fracos, com Ebitda ajustado de R$ 590 milhões (excluindo o efeito positivo de R$ 158 milhões de mudança contábil), 8% abaixo das estimativas da corretora devido aos resultados mais fracos do que o esperado no Brasil, parcialmente compensados por resultados Halal (relacionados ao Oriente Médio) mais fortes que o esperado. A margem Ebitda consolidada de 8% foi 0,97 ponto percentual acima da nossa. A alavancagem líquida da BRF atingiu dívida 5,6 vezes o Ebitda, enquanto a geração de caixa operacional foi de R$ 512 milhões.

Suzano Papel (SUZB3): resultados fracos, com Ebitda de R$ 2,8 bilhões, 5% abaixo do estimado pela corretora (-22% sobre 2018), mas, no geral, em linha com o consenso. Apesar dos resultados fracos, o anúncio do corte de produção de 1,5-1,9 mil toneladas (mt) para 2019, é um passo importante para reduzir os estoques de celulose no mercado, além de ser uma sinalização importante quanto à disciplina de oferta, o que é positivo para preço de celulose, diz a XP. Contudo, os poucos detalhes dados sobre a estratégia comercial na teleconferência, não ajudaram no sentimento do mercado, com as ações recuando 8%, corrigindo e impactando a alta de 7% de quinta-feira.

Vale (VALE3): as atualizações sobre Brumadinho foram o principal foco, com uma provisão de US$ 4,3 bilhões anunciada, sem considerar possíveis danos ambientais e coletivos, o que deve surpreender negativamente o mercado e pesar nas ações. Além disso, a Vale retirou US$ 3,5 bilhões de seu caixa, dado que estes recursos estão bloqueados pela Justiça, levando a dívida líquida a aumentar em US$ 2,4 bilhões, atingindo US$ 12bilhões.

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