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País tem superávit de contas externas de US$ 32 milhões em setembro; gasto com viagem cai 37,7%

Em setembro de 2018, as transações correntes do país, que consideram os pagamentos e recebimentos do exterior relativos a bens e serviços, foram superavitárias em US$ 32 milhões, saldo menor que o de US$ 423 milhões do mesmo mês do ano passado. Os dados foram divulgados hoje pelo Banco Central (BC).

O superávit em transações correntes foi favorecido pelo saldo comercial (exportações menos importações) positivo de US$ 4,6 bilhões (ante US$4,9 bilhões em setembro de 2017). Com isso, o déficit  acumulado nos 12 meses encerrados em setembro foi de US$ 14,5 bilhões, ou 0,75% do Produto Interno Bruto (PIB), um percentual baixo para o país. No fim do governo Dilma Rousseff, o Brasil chegou a ter déficits de 4% do PIB, que têm de ser financiados com empréstimos ou com investimentos diretos.

Déficit deve crescer nos próximos anos

Segundo o Departamento Econômico do Banco Itaú, o  o superávit de US$ 32 milhões em setembro ficou próximo das expectativas do banco, de US$100 milhões, mas abaixo do consenso de mercado (US$ 430 milhões). Para os próximos anos, o Itaú mantém a visão de aumento gradual do déficit em conta corrente em linha com alguma retomada da atividade (reduzindo o superávit comercial) e em função do elevado estoque de investimento estrangeiro no país (que deve pressionar a conta de lucros e dividendos), mas sem comprometer a sustentabilidade das contas externas. O investimento direto no país continua sendo a principal fonte de financiamento do déficit em conta corrente.

Importações crescem e puxam déficit comercial

Olhando os componentes das contas externas brasileiras, o resultado da balança comercial refletiu as expansões em 12 meses das importações de bens, 5,3%, e das exportações, 2,0%. Em setembro, não ocorreram exportações e importações sob amparo do Repetro, programa ligado ao setor de petróleo e que considera as plataformas da Petrobras ora como exportação, ora como importação, o que distorce os resultados. No acumulado dos três primeiros trimestres deste ano, ante mesmo período de 2017, as exportações de bens cresceram 9,2% e as importações, 22,5%.

O crescimento das importações é positivo pois indica aumento da atividade interna e reativação da economia, que também reduzem as exportações.

Gastos com viagens caem 37,7% com alta do dólar

O déficit da conta de serviços do país atingiu US$ 2,2 bilhões no mês e foi 22,2% menor que o resultado observado em setembro de 2017. O BC destaca a queda de 15,8% nos gastos líquidos de aluguel de equipamento; de 37,7% em viagens, com influência da depreciação cambial; e de 18,4% nos de transportes. No acumulado do ano até setembro, o déficit em serviços aumentou 1,9% relativamente ao mesmo período de 2017.

Remessas de lucros cresceram 67,3%

Em setembro de 2018, o déficit em renda primária, que mede as remessas de lucros e juros, aumentou 21,1% na comparação anual, atingindo US$ 2,4 bilhões. Os gastos líquidos com juros somaram US$ 344 milhões no mês, comparativamente a US$ 777 milhões em setembro de 2017, em função da expansão de 60,9% das receitas de juros, que totalizaram US$ 750 milhões, afetadas pela elevação das taxas de juros internacionais.

As despesas líquidas de lucros e dividendos somaram US$ 2,1 bilhões no mês, incremento de 67,3% ante o mesmo mês do ano anterior. No acumulado do ano, porém, houve redução de 18,8% no déficit em renda primária, para US$ 25,5 bilhões, destacando-se as expansões das receitas de juros (37,0%) e de lucros e dividendos (96,3%).

Investimentos diretos estrangeiros equivalem a 3,68% do PIB

Os investimentos diretos no país (IDP) registraram ingressos líquidos de US$ 7,8 bilhões em setembro, atingindo US$ 70,8 bilhões no acumulado em doze meses, equivalentes a 3,68% do PIB, volume muito superior ao déficit de transações correntes. No período de janeiro a setembro de 2018, os ingressos líquidos de IDP somaram US$ 52,2 bilhões, volume aproximadamente igual ao observado nos nove primeiros meses de 2017. Os investimentos diretos são aqueles destinados a projetos de longo prazo no país, como compras de empresas ou participações relevantes.

Investimentos estrangeiros no mercado têm saída de US$ 3,5 bi

Em setembro de 2018, as saídas líquidas de investimentos em ações, fundos de investimento e títulos de renda fixa negociados no mercado doméstico somaram US$ 3,5 bilhões, mantendo a tendência de volatilidade que vem sendo observada. No acumulado em 12 meses, ocorreram saídas líquidas de US$5,4 bilhões.

Reservas internacionais chegam a US$ 381,7 bi

O estoque de reservas internacionais atingiu US$ 381,7 bilhões em setembro de 2018, correspondendo a 309,3% da dívida externa de curto prazo residual (exceto operações intercompanhia e títulos de renda fixa negociados no mercado doméstico). O estoque de reservas internacionais recuou US$ 655 milhões em relação a agosto de 2018, com destaque para a variação negativa por preço, US$ 1,5 bilhão, e para a receita de juros, US$ 622 milhões.

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