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Apesar do dólar já aumentar a inflação no atacado, Copom deve manter juros em 6,5%

A alta de 10% no dólar, de R$ 3,75 para R$ 4,14 de agosto para cá, já está pressionando a inflação no atacado, como mostram os números dos Índices Gerais de Preços (IGPs) da Fundação Getulio Vargas (FGV), que já estão rodando acima de 1% no mês e acumulando quase 10% em 12 meses. Apesar disso, a expectativa é de que o Comitê de Política Monetária (Copom) mantenha a taxa de juros básica em 6,5% na reunião que começou ontem e termina hoje. A expectativa de analistas e economistas é que o Banco Central (BC) vai aguardar a definição do cenário político antes de iniciar um processo de ajuste para cima dos juros, mesmo com o aumento dos riscos locais e internacionais para a inflação e para as contas públicas brasileiras.

A alta dos preços no atacado aparece claramente no IGP-10, que considera os preços coletados de 11 de um mês a 10 do mês de referência, e que subiu 1,20% em setembro, ante 0,51% em agosto. O IPA-10, que representa 60% do IGP e reúne os preços no atacado, acelerou de 0,64% em agosto para 1,76% em setembro. Em 12 meses, o IGP-10 acumulou 9,66% de inflação até este mês e o IPA-10, 12,69%.

Já a segunda prévia do IGP-M de setembro acelerou de 0,67% em agosto para 1,34%, também com o IPA saltando de 0,81% para 1,98%. Com isso, o acumulado em 12 meses do IGP-M até a segunda prévia ficou em 9,83% e o IPA, em 13%.

A expectativa da LCA Consultores é que os IGPs continuem pressionados pela alta do dólar e seus efeitos sobre os preços dos produtos cujos preços são determinados pelo mercado internacional. A consultoria elevou a projeção do IGP-M deste mês, de 1,24% para 1,45%. E acredita que essa pressão da moeda americana sobre os preços deve continuar até depois das eleições, uma vez que o cenário político e econômico deve continuar incerto diante da tendência de um segundo turno entre o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, e do PT, Fernando Haddad, cujas propostas de ajuste fiscal e reforma da Previdência não são tão claras. A consultoria não trabalha com uma disparada do dólar e da inflação semelhante à ocorrida em 2002, na primeira eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, que levou a moeda americana a níveis equivalentes hoje a R$ 6,00 se corrigidos pela inflação. Mas não espera também que o dólar caia.

Enquanto não bater no IPCA, tudo bem

Apesar disso, o ambiente econômico ainda continua fraco, impedindo um repasse desses custos do atacado para o varejo e impedindo uma alta maior do IPCA, que é o indicador usado pelo BC nas metas de inflação. Enquanto o IPA segue perto de 2%, o IPC do próprio IGP-10 subiu apenas 0,08% e o do IGP-M, 0,16%.

Mas, mesmo diante do contexto de incerteza amplificada, a LCA acredita que o Copom manterá a taxa básica de juros em 6,5% ao ano e evitará sinalizações para a Selic. “A autoridade deverá admitir que o cenário (externo e interno) está mais desafiador, mas deverá continuar a apontar que a inflação (corrente e projetada) segue relativamente bem comportada e que a atividade continua a crescer em ritmo apenas moderado – diagnóstico que reforçará, nos mercados, a aposta de manutenção da Selic ainda por várias reuniões do Copom”, diz a LCA.

Manutenção dos juros é também a expectativa do Departamento Econômico do Bradesco, que espera juro básico em 6,50%. Apesar da depreciação cambial observada ao longo das últimas semanas, em grande medida desencadeada pelo cenário internacional mais desafiador, as expectativas de inflação se mantiveram ancoradas e os dados de atividade seguiram moderados, justifica o banco..

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