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Odebrecht aceita fazer delação premiada e Lava Jato pode ter reviravolta

A empreiteira Odebrecht, investigada na Operação Lava Jato, informou ontem que decidiu colaborar de forma “definitiva” com a força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF), que cuida das investigações. Os executivos da empresa deverão fazer acordos de delação premiada. A decisão, que vinha sendo rejeitada pelo presidente da empresa, Marcelo Odebrecht (foto), deve marcar uma reviravolta nas investigações, uma vez que a companhia, maior empreiteira do país, é citada em vários casos de pagamento de propina envolvendo o governo federal.

A empresa também foi uma das grandes financiadoras das campanhas do PT à Presidência nos últimos anos e esteve relacionada a vários grandes projetos como dos estádios de futebol. Tinha também grande proximidade com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, patrocinando diversas palestras dele no Brasil e no exterior.

Mas a delação da Odebrecht pode ir muito mais longe, como mostram os documentos apreendidos pela Polícia Federal e que mostram pagamentos de propinas também nos Estados. A descoberta da contabilidade da propina foi, com certeza, fator determinante para a empreiteira decidir fazer a delação. Com certeza, a empresa poderá comprometer não só o PT, mas diversos partidos e governos, já que o esquema de propinas no Brasil não surgiu na década passada. O que sobrará dessa devassa e até onde ela irá, ninguém pode dizer.

A empresa liberou um comunicado chamado “Compromisso com o Brasil” em que diz que a decisão foi tomada após avaliações e reflexões de acionistas e dos executivos.

Abaixo, a íntegra da nota:

“As avaliações e reflexões levadas a efeito por nossos acionistas e executivos levaram a Odebrecht a decidir por uma colaboração definitiva com as investigações da Operação Lava Jato.

A empresa, que identificou a necessidade de implantar melhorias em suas práticas, vem mantendo contato com as autoridades com o objetivo de colaborar com as investigações, além da iniciativa de leniência já adotada em dezembro junto à Controladoria Geral da União.

Esperamos que os esclarecimentos da colaboração contribuam significativamente com a Justiça brasileira e com a construção de um Brasil melhor.

Na mesma direção, seguimos aperfeiçoando nosso sistema de conformidade e nosso modelo de governança; estamos em processo avançado de adesão ao Pacto Global, da ONU, que visa mobilizar a comunidade empresarial internacional para a adoção, em suas práticas de negócios, de valores reconhecidos nas áreas de direitos humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção; estabelecemos metas de conformidade para que nossos negócios se enquadrem como Empresa Pró-Ética (da CGU), iniciativa que incentiva as empresas a implantarem medidas de prevenção e combate à corrupção e outros tipos de fraudes. Vamos, também, adotar novas práticas de relacionamento com a esfera pública.

Apesar de todas as dificuldades e da consciência de não termos responsabilidade dominante sobre os fatos apurados na Operação Lava Jato – que revela na verdade a existência de um sistema ilegal e ilegítimo de financiamento do sistema partidário-eleitoral do país – seguimos acreditando no Brasil.

Ao contribuir com o aprimoramento do contexto institucional, a Odebrecht olha para si e procura evoluir, mirando o futuro. Entendemos nossa responsabilidade social e econômica, e iremos cumprir nossos contratos e manter os nossos investimentos. Assim, poderemos preservar os empregos diretos e indiretos que geramos e prosseguir no papel de agente econômico relevante, de forma responsável e sustentável.

Em respeito aos nossos mais de 130 mil integrantes, alguns deles tantas vezes injustamente retratados, às suas famílias, aos nossos clientes, às comunidades em que atuamos, aos nossos parceiros e à sociedade em geral, manifestamos nosso compromisso com o país. São 72 anos de história e sabemos que temos que avançar por meio de ações práticas, do diálogo e da transparência.

Nosso compromisso é o de evoluir com o Brasil e para o Brasil.”

Com informações da Agência Brasil.

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