Arena Especial, Educação Financeira

Consultor dá sugestões e sites ensinam a criançada a economizar e investir

Com o Dia das Crianças se aproximando, crescem os apelos por compras, assim como aumenta a tarefa dos pais de administrar a vontade dos filhos. As crianças veem anúncios de produtos na televisão ou em vitrines de lojas e logo os transformam em objetos de desejo. E desejo imediato. Cabe aos pais analisar o que a criança quer dentro do padrão de vida dela. E talvez começar a ensinar a elas a importância do dinheiro e como lidar com ele.

Reinaldo Domingos, educador e terapeuta financeiro, acredita que a educação financeira trabalha os hábitos e costumes, ligados diretamente ao comportamento. Essa educação, segundo ele, deve começar desde cedo. “Crianças de três, quatro anos, não alfabetizadas, deveriam estar aprendendo educação financeira desde essa idade”.

Escola e dia a dia

Segundo Domingos, nem a atual geração de pais nem as passadas tiveram uma educação financeira. Por isso, é crucial que os professores aprendam primeiro para depois passarem a metodologia às crianças. “Assim, a criança cria hábitos”, completa. Os pais também devem compreender que eles não têm esses ensinamentos, “são analfabetos financeiros”, diz. Ele lembra que educação financeira é microeconomia, envolve coisas do dia a dia, mas pode ser reforçada por um bom material nas escolas, o que é fundamental.

Domingos, que tem diversos livros de educação financeira das crianças, é presidente da DSOP, organização dedicada à disseminação desse tipo de orientação no Brasil. Em 2009, idealizou a primeira coleção didática de educação financeira para o ensino básico do país, composta por 15 livros do aluno e 15 do professor, além de 60 atividades interativas na internet.

Nada de trocas

Para o educador, a criança tem que entender o que o dinheiro pode comprar. “E isso os pais é quem vão dizer, que se não consegue comprar com o dinheiro que se tem será preciso poupar, guardar”, explica.

Com relação à estratégia de fazer trocas com as crianças, como pagar alguns centavos para ela arrumar a cama, ou dar uma quantia toda vez que ela cumprir alguma obrigação, o educador disse ser uma péssima ideia. “Não pode acontecer, tem que criar um elemento de responsabilidade, a criança tem que ter desejo de ajudar, de contribuir”.

Para Domingos, as pessoas têm que resgatar o diálogo, “assim fica tudo mais fácil”. E completou dizendo que “não importa a sua situação financeira, o importante é ser transparente com sua família”.

“A educação financeira é um processo que vai demorar, mas que precisa acontecer”, conclui Reinaldo Domingos.

Formas de educar

Um levantamento feito pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em setembro, mostrou que 61,4% das famílias brasileiras estão endividadas. Isso se dá devido à grande oferta de crédito, mas também pela falta de alfabetização financeira aliada ao consumismo desenfreado. Tendo isso como em vista, diversas empresas têm criado projetos de inserção de educação financeira nas séries mais básicas, com o intuito de familiarizar as crianças com o assunto.

Turma da Bolsa

O site Turma da Bolsa, projeto da BM&FBovespa em parceria com a Fundação Roberto Marinho, é um programa de educação financeira destinado ao público infantil. A iniciativa tem como objetivo estimular o aprendizado dos conceitos básicos de educação financeira para crianças de 7 a 10 anos.

O site tem vídeos em que os personagens explicam de maneira lúdica e divertida temas como inflação, poupança, imposto, direito do consumidor e formas de parcelamento. Serve não só para crianças, mas também para leigos no assunto, já que os temas são tratados de forma clara e concisa.

Futebol e educação financeira

Outro projeto interessante é o Bate-bola financeiro, da Visa, game que está hospedado no site do Banco do Brasil. O jogo de futebol é dinâmico e interativo, com questões de múltipla escolha, que testa o conhecimento de educação financeira dos jogadores à medida que eles avançam no campo; o objetivo é chegar ao gol adversário. Para movimentar os jogadores, o usuário deve responder as perguntas. O jogo tem três níveis de dificuldade.

Mesmo escolhendo o Mirim, nível mais fácil, de crianças entre 11 e 14 anos, é possível que o jogador não acerte com tanta facilidade, um defeito do jogo, que acaba selecionando algumas perguntas complexas para crianças que ainda não entendem do assunto.

As perguntas envolvem temas como aluguel, contas no cartão de crédito, maneiras de diminuir dívidas e opções de escolha de senhas de banco. Apesar de o jogador ter pouco tempo para ler e escolher a alternativa correta, é um jogo que além de divertir, ensina noções básicas de educação financeira.

Árvore dos sonhos

No Itaú, a educação financeira para crianças está presente em dois livros: A Árvore dos Sonhos, que tem também uma versão em áudio, e Como Falar de Dinheiro com as Crianças.  Na Árvore dos Sonhos, de Fabiano Alves Onça, uma criança aprende a cuidar das economias acompanhando o crescimento da árvore de dinheiro que ganha do avô. Já no Como Falar de Dinheiro, a autora Cassia D’Aquino aborda temas de interesse dos país, como a questão dos presentes, a experiência dos avôs, os limites e comportamentos que servirão de exemplo para as crianças.

 

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