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Títulos públicos brasileiros pagam os maiores juros do mundo, mostra estudo

O Brasil paga os juros em títulos públicos mais altos do mundo, mesmo se comparado a países com nota de crédito ou situação econômica ou política muito pior. Em comparação aos países com grau de investimento, a diferença é ainda maior. É o que mostra levantamento do site especializado em renda fixa Desfixa.

Os papéis de dez anos do Tesouro brasileiro no mercado internacional pagam retornos de 15,83% ao ano, enquanto economias com classificação de risco inferior oferecem rendimentos bem menores. Mesmo com notas de BB, BB+ e Ba2, por parte da S&P, da Fitch e da Moody’s, respectivamente, ficamos para trás de países como Quênia, que leva um B+ das duas primeiras agências e é ignorado pela última, e da Nigéria, com BB-, BB- e B3. No Quênia, os juros são de 14,82% e na Nigéria de 11,77%.

Na avaliação do autor do estudo, Arthur Farache, “a diferença entre os juros locais com os do resto do mundo não está apenas relacionada à crise político-econômica atual, mas ao histórico brasileiro, sempre marcado por taxas elevadas”, afirma.

Para Farache, a situação do país também pode ser relacionada à incerteza jurídica, que leva às pessoas a evitarem investimentos de longo prazo na região, além da baixa propensão à poupança provocada pelo elevado déficit fiscal, já que o governo consome grande parte das economias do setor privado para financiar sua dívida.

Na Grécia, por exemplo, que quase quebrou recentemente e ameaçou deixar a União Europeia com um eventual calote de sua dívida pública, o governo paga 10,63% ao ano por seus títulos, ao passo que a vizinha Venezuela, em meio a uma crise econômica e politica aguda, oferece taxas de 11,01% ao mercado.

O estudo da Desfixa considerou 57 países. De acordo com a pesquisa, os juros mais baixos do mundo são os da Suíça, que tem negativos 0,39% ao ano, seguidos pelos do Japão, que registram rentabilidade também negativa, de 0,07%.

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