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Risco-Brasil é o menor em mais de 2 anos; indicador reforça espaço para corte de juros

O chamado risco-Brasil, adicional pago pelo país em relação aos juros americanos, caiu hoje para o menor nível desde 30 de janeiro de 2015, segundo levantamento feito por Pablo Stipanicic Spyer, diretor de Operações da Mirae Corretora. O risco aparece nos Credit Swaps Defaults (CDS), papéis que refletem o prêmio pago pelo país, e que hoje bateram em 205,045 pontos básicos. Essa pontuação equivale a 2,05 pontos percentuais acima dos juros americanos.
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O nível atual reflete uma melhora expressiva da economia brasileira e pode abrir espaço para mais cortes de juros, observa Spyer. “A principal razão é a boa condução do governo para aprovar a reforma da Previdência, o projeto está caminhando, há muito menos dúvidas na aprovação do que antes”, diz. Além disso, o Banco Central (BC) recuperou a credibilidade do mercado, assim como a equipe econômica. E o mundo extremamente líquido também ajuda, pois os grandes investidores seguem aplicando no Brasil. “A isso se soma o nosso indicador de volatilidade do mercado, o VIX, que está nos níveis mais baixos da história”, acrescenta. 
A queda do risco-Brasil é citada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, como um indicador da melhora da economia brasileira, que pode ajudar na retomada do crescimento ao longo deste ano.
O Brasil no espelho
O risco-Brasil é um retrato da situação da economia brasileira nos últimos anos. Em termos relativos, o nível atual é muito bom. Basta lembrar que, em janeiro de 2015, o país ainda tinha os selos de bom pagador, o chamado grau de investimento, de todas as agências de risco, e a presidente Dilma Rousseff iniciava seu segundo mandato com uma equipe econômica comandada por Joaquim Levy e com a confiança do mercado de que seriam feitos ajustes para reequilibrar as contas do governo.
Porém, apesar dos esforços da equipe econômica, os ajustes não foram suficientes para conter o avanço do déficit e da dívida pública. Como consequência, em setembro de 2015, esse risco chegou à máxima de 533 pontos, ou seja, 5,33%, quando país perdeu o selo de bom pagador da Standard & Poor’s. A partir daí, outras agências foram rebaixando o Brasil. E o risco continuou alto durante a crise política que culminou no pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, no começo de 2016.
A retomada da confiança dos mercados vai aparecendo desde então nos CDS com o desenrolar das medidas do novo governo de Michel Temer e de sua equipe econômica.
Há ainda os fatores externos, como o susto da eleição de Donald Trump que acabou beneficiando depois os mercados emergentes, especialmente os produtores de commodities.
 
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