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Juros abrem em alta com avanço da inflação do IGP-10

Os juros futuros abriram em alta hoje, com a divulgação do Índice Geral de Preços 10 (IGP-10) de julho. O indicador de inflação calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) teve alta de 0,96% no sétimo mês do ano, acima das expectativas, que eram de 0,86%.

Em junho, o índice havia avançado 0,73%. A variação acumulada em 12 meses subiu de 4,90% em junho para 6,03% em julho. Com isso, os contratos futuros de juros DI, sobretudo os com vencimento mais próximo, operam em alta razoável.

Os papéis com vencimento em janeiro de 2013, chegaram a 7,48% ao ano, ante 7,45% no fechamento de ontem. Já os de janeiro de 2014, sobem para 7,75%, de 7,66% no fechamento anterior. Janeiro de 2015 chega a 8,35%, 0,10 ponto percentual acima do último fechamento. Contratos com vencimento em 2017 batem 9,14%, para um fechamento de 9,06% ontem. Os que vencem em 2021 chegam a 9,79%, para um fechamento de 9,69%.

A alta de hoje, respondendo ao avanço do IGP-10, vai resultar em perdas para os investidores em fundos de renda fixa índices, que aplicam em papéis de longo prazo atrelados à inflação e que têm uma parcela de juros fixa. A perda atinge as aplicações em papéis prefixados, que estabelecem uma taxa de juros e não acompanham os movimentos de altas ou baixas. As cotas desse fundo devem encolher com o aumento dos juros. Já os fundos de renda fixa tradicionais, que têm uma parcela menor de papéis prefixados ou atrelados à inflação, devem ter um rendimento menor, mas não devem chegar a ter perdas. Já quem aplica em fundos de papéis pós-fixados pode sorrir, pelo menos por enquanto.

A situação, porém, pode ser momentânea. Isso porque, apesar da alta dos juros no mercado hoje, o governo mantém uma postura de cortes nas taxas, pelo menos até o juro básico Selic bater em 7% e a atividade econômica dar algum sinal de melhora, mesmo com a inflação um pouco mais alta. Nesse caso, as taxas de juros podem voltar a cair, beneficiando os fundos de índices e renda fixa no médio prazo. O cenário externo, ainda com baixo crescimento, ajuda a manter a inflação sob controle, mesmo que subindo um pouco, e reforça o argumento do governo de baixar os juros.

Grãos

O destaque da alta do IGP-10 em julho ficou por conta do Índice de Preços no Atacado 10 Agrícola (IPA-10 Agrícola), que avançou 1,94% na comparação com o mês anterior. A alta acumulada em 12 meses para esse indicador é de 9,24% em julho, contra 6,07% no mês anterior.

Esse movimento já começa a refletir uma alta dos preços de commodities agrícolas no mercado internacional, impulsionada, principalmente, por problemas com o clima nos Estados Unidos. Reportagem do jornal britânico Financial Times comenta que o calor excessivo e a escassez de chuvas no país vêm prejudicando as plantações de soja e milho.

O problema é que os Estados Unidos são cruciais para abastecer o mundo com esses alimentos. O país é o maior exportador mundial, respondendo por uma em cada três toneladas de grãos negociados no mercado internacional. Segundo o Financial Times, na bolsa de Chicago, os contratos futuros de segunda posição de entrega (os de maior liquidez) de milho já subiram 51,6% no ano até ontem, e os de soja, 18,6%.

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