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Poupança perde R$ 6,2 bi em junho; no ano, resgate chega a R$ 38,5 bi, novo recorde

Em junho, R$ 6,2 bilhões de reais foram resgatados da poupança pelos brasileiros, informou hoje o Banco Central. O resgate é quase o dobro do registrado em maio, quando foram sacados liquidamente R$ 3,2 bilhões. Este é o sexto mês consecutivo em que o resgate supere a aplicação na caderneta de poupança. No ano acumulado do ano, o resgate chegou a R$ 38,5 bilhões, a maior perda da história das cadernetas. A saída de recursos preocupa o governo e os bancos, pois ela é fonte de recursos para os financiamentos imobiliários do Sistema Financeiro da Habitação (SFH).

Atualmente, a poupança tem aplicados R$ 646,6 bilhões. Em junho, as aplicações foram de R$ 162,8 bilhões, enquanto os resgates totalizaram R$ 169,1 bilhões. Os rendimentos no mês totalizaram R$ 4 bilhões.

Rendimento abaixo da inflação

Parte do resgate é justificada pela opção do brasileiro por investir em fundos com maior rendimento e isenção de imposto, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCI), que aumentou 18% no volume de investimentos até maio, com mais R$ 28 bilhões investidos, e  as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), que tiveram aumento de 12% no volume investido até maio, ou R$ 5 bilhões, segundo dados da Cetip. As cadernetas acumulam no ano rendimento de 3,70%, para 5,11% dos fundos DI, já descontado um imposto de renda de 15%. O rendimento está abaixo também da inflação do IGP-M, de 4,33% até junho.

Outra parte é reflexo do aumento da inflação, que reduz o poder de compra dos salários, e a necessidade das pessoas de sacarem o dinheiro para completar o orçamento do mês. As maiores restrições dos bancos para os empréstimos também levam os poupadores a sacarem as reservas para eventuais compras.

Tendência é saques continuarem

Como o quadro atual vai permanecer durante todo o ano de 2015, com inflação elevada, juros elevados, queda de renda, desemprego, além da Selic alta que reduz a rentabilidade da poupança frente aos fundos de investimento, a tendência para os próximos meses é de que este movimento de redução no volume dos depósitos da poupança se acentue, agravado ainda mais em um ambiente econômico mais recessivo com a elevação nos índices de inadimplência e de desemprego, afirma Miguel de Oliveira, diretor-executivo de Pesquisas Econômicas da Associação Brasileira dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).

Com a elevação da taxa básica de juros aumentou a rentabilidade das aplicações financeiras em títulos públicos como fundo de renda fixa, CDB, Tesouro Direto e outros, em detrimento de uma menor rentabilidade da poupança.  Com isso os investidores têm retirado suas aplicações na caderneta e migrando para esses investimentos que apresentam uma rentabilidade superior. Em junho, 2015 os fundos de renda fixa apresentaram uma rentabilidade média de 0,74% ante uma rentabilidade de 0,68% da caderneta. Em 12 meses os fundos de renda fixa tiveram uma rentabilidade de 10,30% ante uma rentabilidade de 7,39% da Poupança, calcula Oliveira.

Houve também retração da economia, com inflação elevada, juros altos, aumento de encargos e impostos o que reduz a renda das famílias, dificultando seu orçamento. Com isso, sobram menos recursos para as famílias pouparem e algumas são obrigadas a resgatar para complementar sua renda e pagar os compromissos.

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