Fundos Imobiliários, Fundos na Arena

Kinea capta R$ 380 milhões em fundo imobiliário de papéis do setor

A Kinea Investimentos, gestora do Itaú Unibanco especializada em investimentos alternativos, concluiu hoje uma  captação de R$ 380 milhões de um fundo imobiliário destinado a aplicar somente em papéis do setor, como Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e Letras de Crédito (LCI). A emissão foi a quarta do fundo Kinea Rendimentos, que atingiu um patrimônio total de R$ 1,45 bilhão, o maior fundo imobiliário em valor de mercado listado na BM&FBovespa. A oferta inicial era de R$ 300 milhões, mas devido à procura de clientes do segmento de varejo de alta renda Personnalité e do private bank teve de ser ampliada.

A explicação pela grande procura pelo fundo é o fato de sua rentabilidade ser atrelada a papéis, e não a imóveis, o que reduz seu risco em um ambiente de recessão que aumenta a devolução de espaços. Além disso, os papéis são corrigidos pela inflação ou por indicadores de mercado, enquanto os aluguéis estão em queda, o que leva muitos inquilinos a renegociarem os valores para permanecer nos imóveis, reduzindo os ganhos dos fundos.

Segundo Márcio Verri, sócio da Kinea, a rentabilidade do fundo é atrelada ao CDI e foi outro fator que atraiu os investidores, que gozam também de isenção de imposto de renda sobre os ganhos. “Está cada vez mais restrito o acesso direto das pessoas físicas a CRI de qualidade”, diz o gestor, acrescentado que “com uma crise econômica tão aguda, os investidores estão chegando à conclusão de que vale a pena ter um gestor fazendo a seleção e controle das operações” com CRI.

Diversificação de um fundo grande e 100% do CDI líquidos

A proposta de ter um grande fundo voltado para crédito foi justamente permitir maior pulverização do risco e diversificação, afirma Verri. A carteira vem há três anos fazendo novas ofertas e, a cada uma delas, aumenta a diversificação e a pulverização e reduz o risco dos antigos investidores.

A rentabilidade de 100% do CDI líquido também é bastante razoável, considerando que o fundo permite a compra de cotas a partir de R$ 100,00 no mercado secundário. “Claro que esse valor é baixo considerando corretagem, mas para um cliente com valores baixos, de R$ 10 mil, já permite um bom nível de rentabilidade com uma carteira pulverizada”, diz.

Mais papéis no mercado

A crise também não reduziu a oferta de papéis para o fundo, afirma o gestor. “Temos até dois fatores que nos ajudam a ter emissões muito boas para escolher”, diz. O primeiro é que, com a crise, há poucos fundos e instituições com condições de dar crédito de longo prazo para as empresas imobiliárias. O segundo é o alto volume de saques das cadernetas de poupança, que limitou o funding dos bancos para emprestar em crédito imobiliário. “Isso abriu um grande leque de operações de boa qualidade de CDI e LCI para olharmos”, diz Verri. Segundo ele, a prioridade do fundo nem é tanto comprar papéis de alta rentabilidade, mas sim de crédito muito bom. “Distribuímos toda a rentabilidade, por isso, privilegiamos o emissor e a garantia dos papéis, pois estamos em ambiente muito volátil”, lembra. A Kinea tem hoje cerca de R$ 5 bilhões em fundos imobiliários e de participação de incorporação.

Momento bom para fundos imobiliários de renda

Verri diz que a gestora não pretende fazer novas emissões de fundos de renda, que compram imóveis para alugar. Segundo ele, há boas oportunidades para compra de imóveis no mercado, mas, se fizer uma emissão agora, como as cotas dos fundos antigos na bolsa estão sendo negociadas por um preço abaixo do valor patrimonial, os investidores antigos perderão dinheiro pois serão diluídos. “Mas o momento é bom para o investidor que quer comprar cotas no mercado secundário da bolsa com desconto”, afirma, Verri. Ele diz que até houve uma recuperação das cotas nos últimos 30 dias depois que o mercado reviu para baixo as projeções de inflação e de juros, mas mesmo assim há excelentes oportunidades. “O investidor pode buscar também fundos de fundos, que fazem a seleção”, diz.

 

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