Arena Renda Fixa, Tesouro Direto

Juros reais do Tesouro Direto se aproximam de 7% ao ano, os mais altos desde abril de 2014

Os juros dos títulos públicos negociados no sistema via internet do Tesouro Direto voltaram a subir com força hoje, pelo segundo dia, acompanhando a piora das expectativas com relação à economia brasileira depois de o governo reduzir a meta de superávit primário para este ano e para os dois próximos. A instabilidade das taxas levou o Tesouro Direto a adiar a abertura dos negócios para depois das 11 horas.

Os juros das Notas do Tesouro Nacional Final (NTN-F), que paga juros prefixados semestrais e tem prazo mais longo, até 2025, pagava hoje 13,30% ao ano, para 13,04% ontem e praticamente 1 ponto percentual mais que os 12,33% de quarta-feira, antes do anúncio das novas metas fiscais. A taxa de hoje é a maior para o vencimento 2025 desde 17 de março.

As Letras Financeiras do Tesouro (LTN), também prefixadas, mas que só pagam juros no final, pagavam hoje 13,39% para o vencimento 2018 e 13,21% para o 2021, ante 13,21% e 13,06% ontem, respectivamente. Na quarta-feira, esses papéis pagavam 12,72% e 12,41% ao ano. A taxa do papel para 2021 é a mais alta desde 20 de março deste ano.

A redução do superávit significa menos dinheiro para pagar a dívida interna e traz o risco de as agências de rating retiraram a nota de grau de investimento de baixo risco do país, o que aumentaria o custo de captação do governo e das empresas brasileiras. Por isso, as taxas longas foram mais afetadas e voltaram a ficar acima de 13% ao ano, o que não ocorria desde março.

Pós-fixado, maiores taxas desde abril de 2014

Já as NTN-B Principal, que pagam juros mais inflação, tudo no final, passaram a oferecer hoje juros reais de 6,66% ao ano mais IPCA para o vencimento 2035, ante 6,58% ao ano ontem e 6,25% na quarta-feira. Esse juro real é o maior para esse papel desde 23 de abril do ano passado, em plena campanha eleitoral. No prazo mais curto, para 2019, a taxa real era de 6,82%, também mais alta que a de ontem, de 6,71%, e dos 6,29% de quarta-feira. O juro pago pelo papel é o mais alto de fevereiro de 2014. Para 2024, a taxa subiu para 6,70%, ante 6,62% ao ano ontem e 6,22% de quarta-feira. A taxa também é a mais alta para esse vencimento, desde março do ano passado.

Fundos e papéis terão perdas, mas só para quem resgatar

A alta dos juros dos papéis deve ter impacto nos fundos renda fixa, especialmente os renda fixa índices, que aplicam somente em NTN-B. Esses fundos devem ter perdas nas cotas de hoje, mas isso não significa que o investidor perdeu dinheiro. Trata-se de um ajuste, uma vez que, com a alta dos juros, os papéis antigos, com taxas mais baixas, passam a valer menos. Mas daqui por diante, a rentabilidade do fundo será maior, já ajustada ao juro atual, e quem sacar perderá a recuperação. No longo prazo, esses fundos rendem a taxa equivalente à média da data da aplicação.

Assim, quem aplicou com um juro um pouco mais baixo que o atual vai receber, entre altas e baixas das cotas, aproximadamente o mesmo valor esperado em alguns anos. O mesmo vale para quem comprou a NTN-B direto. O preço vai cair para quem precisar vender agora, mas o papel vai continuar rendendo o combinado no ato da compra.

Fundos DI e renda fixa

Os fundos renda fixa em geral vão sofrer, mas menos, pois diversificam boa parte da carteira com papéis indexados ao CDI ou ao juro Selic, como as LFT. Já os fundos DI não terão ganhos imediatos, mas também não sofrerão redução de sua rentabilidade, atrelada ao juro diário do overnight Selic. Daqui para frente, se os juros se estabilizarem ou caírem um pouco, os fundos renda fixa tendem a render mais que os DI. Mas somente se o juro não voltar a subir. Para quem não quer correr risco, aplicações atreladas ao CDI são recomendadas para o curto prazo.

 

Artigo AnteriorPróximo Artigo