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Presidente do Santander nega que renegociações mascarem inadimplência; banco olha o Citi

Diante das considerações da agência de classificação de risco Moody’s de que o processo de renegociação com devedores por parte dos bancos poderia mascarar a situação de inadimplência do setor, o presidente do Santander Brasil, Sergio Rial, disse não ver preocupação nesse sentido, já que o sistema de regulação brasileiro é bastante forte e até “ácido”.

Em conversa por teleconferência com jornalistas sobre os resultados do banco neste primeiro trimestre, o executivo considerou o sistema financeiro brasileiro extremamente “exitoso e feliz” na condução da regulação e dos limites dos participantes do mercado. “Quando um financiamento é feito no Brasil, o cliente provavelmente já investiu parte do seu dinheiro no acordo, ele não foi 100% ou até 120% financiado, a exemplo do que ocorre em outros países”, explica.

Para ele, o sistema local continua muito saudável, mesmo num momento como o atual, de estresse do mercado. “As exigências do BC (Banco Central) impedem que as instituições financeiras deem passos maiores do que podem, suas regras são extremamente ácidas e não dão nenhuma margem para o financiamento de algo que não tenha capacidade de pagamento”, afirma.

Na avaliação de Rial, “é natural que as agências de risco olhem (a situação) com certa preocupação, faz parte da função delas, mas o trabalho que o Brasil tem feito é profilático, de ajuda aos modelos de negócio que sinalizam concretamente capacidade de pagamento, tanto na pessoa física, quanto na jurídica”.

Preocupações reais e agenda de desregulamentação

O presidente classificou como preocupação principal a efetiva perda do poder de compra do consumidor brasileiro, “que levará muito tempo para retomar sua busca por crédito”, segundo ele.

Outro ponto que deve ser trabalhado no país, de acordo com Rial, é a queda da inflação, que por sua vez pressionará os juros para baixo e possibilitará uma capacidade maior de pagar dívidas. Além disso, ele cita a importância da abertura de uma agenda de desregulamentação do sistema financeiro, com sinalizações de longo prazo sobre a mudança do sistema compulsório atual.

De olho no Citi

O executivo falou por teleconferência de Atlanta, nos Estados Unidos, o que levantou especulações de que Rial estaria no país para estudar a compra do setor de varejo do Citibank. O Santander é visto por analistas como o principal candidato a comprar as operações de varejo do banco americano no Brasil, já que o Itaú Unibanco já tem uma concentração grande de mercado e o Bradesco comprou recentemente o HSBC e está ainda em processo de integração das estruturas. O Santander seria, assim, o candidato natural a ficar com a operação do Citibank aqui. Sobre uma eventual aquisição, porém, Rial disse apenas que o Santander “olhará a oportunidade, mas que nesse momento não há novidades, pois o processo está muito no início”. Segundo a assessoria do Santander, Rial está na cidade americana para participar de uma reunião da Delta Airlines, da qual é conselheiro.

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