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Ibovespa cai 1,8% com pessimismo global, mas sobe 5% em julho

O pessimismo generalizado nos mercados globais levou o Índice Bovespa à quinta queda consecutiva. No pregão de hoje, impactado pelo clima generalizado de aversão ao risco nas principais bolsas americanas e europeias, o Ibovespa recuou 1,84%, chegando aos 55.829 pontos. O desempenho negativo, contudo, não impediu o índice de terminar julho com alta de 5%. No ano, o Ibovespa sobe 8,39%. O volume negociado no pregão de hoje foi de R$ 7,14 bilhões.

Pessimismo local

No mercado brasileiro, as notícias de pesquisas eleitorais divulgadas ontem à noite, pelo Ibope, ajudaram a reforçar o viés negativo do mercado. A série de pesquisas eleitorais regionais do Ibope mostrando a preferência dos eleitores para a corrida presidencial. Em São Paulo, a presidente Dilma Rousseff (PT) tem 30% das intenções de voto, contra 25% do candidato do PSDB, Aécio Neves.

Já em Minas Gerais, Aécio conta com 41% dos votos e Dilma tem 31%. No Distrito Federal, a presidente fica com 25% do eleitorado e Aécio com 26%. A maior popularidade de Dilma em São Paulo acrescentou pessimismo a um cenário já negativo.

No fim da manhã, o Banco Central (BC) divulgou o resultado primário do setor público consolidado, que inclui os números dos governos federal, estaduais e municipais e empresas estatais. O resultado mostrou, pelo segundo mês seguido, déficit primário (receitas menos despesas, sem contar os juros da dívida). Em junho, o déficit primário chegou a R$ 2,1 bilhões. Em maio, o déficit ficou em R$ 11,046 bilhões.

Essa foi a primeira vez na série histórica do Banco Central (BC) que foi registrado déficit primário no mês de junho. A série histórica tem início em dezembro de 2001. Em junho do ano passado, houve superávit primário de R$ 5,429 bilhões. Com esses resultados, no primeiro semestre, o superávit primário ficou em R$ 29,380 bilhões, contra R$ 52,158 bilhões registrados em igual período de 2013.

Resultados influenciam

Além das notícias macroeconômicas e do cenário político, a divulgação de resultados corporativos influenciou o comportamento das ações. O Bradesco divulgou um crescimento de 28,1% em seu lucro líquido no segundo trimestre, o qual chegou a R$ 3,778 bilhões. Em bases recorrentes, o lucro do segundo maior banco privado do país foi de R$ 3,804 bilhões no período, aumento de 27,7% na comparação anual.

As ações preferenciais (PN, sem voto) do banco caíram 0,85% e os papéis ordinários (ON, com voto) subiram 0,28%.

A Vale, uma das principais companhias do país, também apresentou seus números no segundo trimestre. A mineradora reportou um lucro líquido de R$ 3,187 bilhões. Na comparação com mesmo período do ano passado, o lucro saltou 283%. À época, o resultado da mineradora havia sido impactado negativamente por vultosas perdas contábeis cambiais.

Na comparação com o primeiro trimestre, contudo, o lucro caiu 46%. A queda dos preços do minério de ferro foi apontada como um dos fatores que prejudicaram o desempenho na comparação trimestral. As ações PNA da Vale subiram 0,69% e as ON ganharam 1,02%.

O Santander também divulgou hoje seus resultados do segundo trimestre deste ano, com baixo crescimento do lucro e da carteira de crédito e aumento da inadimplência. O banco teve um lucro líquido de R$ 1,437 bilhão no trimestre, 0,6% acima do resultado do trimestre anterior e apenas 1,9% superior ao R$ 1,410 bilhão do mesmo período do ano passado – variação inferior à inflação do período, de 5,3% segundo o IGP-M. Os recibos de ações (units) do banco caíram 2,11% na sessão de hoje.

Pessimismo no exterior

Um dos motivos para o nervosismo dos mercados europeus foi a forte queda das ações do Banco Espírito Santo (BES), de 42%, depois que a instituição divulgou um rombo de € 4,3 bilhões em créditos de liquidação duvidosa e provisões abaixo do necessário.  O banco divulgou hoje perdas em empresas que estavam fora do balanço e que nem os conselheiros conheciam, segundo o The Wall Street Journal.

Nos EUA, o crescimento mais forte do PIB do país no segundo trimestre divulgado ontem e resultados ruins de empresas hoje deram início à queda dos papéis. Uma melhora mais forte da economia americana pode levar o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) a começar a subir as taxas de juros básicas, hoje perto de zero, para perto do seu nível normal.

Além disso, o mercado também reagiu à notícia de que a Argentina entrou em default pela segunda vez em 12 anos, depois que acabaram as esperanças de um acordo de última hora com os credores chamados de “holdouts”. O episódio aumenta as chances de que a recessão seja ainda mais forte neste ano.

A situação de tensão no Oriente Médio, com a contínua escalada da violência nos confrontos entre militares de Israel e do Hamas, também seguiu sendo motivo de pressão sobre os mercados globais.

Ibovespa

As maiores quedas do Ibovespa no pregão de hoje foram de Gafisa ON (-4,62%), Ambev ON (-4,45%), JBS ON (-3,91%), Petrobras PN e Petrobras ON.

Os papéis que mais subiram foram Suzano PNA (+3,28%), CSN ON (+2,14%), Fibria ON (+1,13%), Vale ON e Usiminas PNA (+1,00%).

Bolsas no exterior

Nos Estados Unidos, o Índice Dow Jones fechou em queda de 1,88% e o Dow Jones recuou 2,00%. O Índice Nasdaq teve 2,09% de desvalorização.

Na Europa, o índice regional Euro Stoxx 50 fechou em queda de 1,70% e o FTSE 100, da Bolsa de Londres, perdeu 0,64%. O Índice CAC, da Bolsa de Paris, recuou 1,53% e o DAX, de Frankfurt, perdeu 1,94%.

Juros e dólar

Com o forte clima de pessimismo no exterior, o dólar fechou o pregão de hoje em forte alta e arrastou as taxas de juros projetadas pelos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs). No mercado comercial, o dólar subiu 1,42%, fechando a R$ 2,28 para venda. O dólar turismo avançou 1,24%, chegando a R$ 2,44 para venda.

O DI para janeiro de 2015 fechou projetando taxa de 10,78%, a mesma do ajuste de ontem. Janeiro de 2017 subiu de 11,43% para 11,49% e janeiro de 2021, de 11,75% para 11,82%.

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