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Bradesco vê 2015 com ajustes pesados e retomada do crescimento

A economia brasileira deve viver, no ano que vem, um momento muito semelhante ao que atravessou em 2003, segundo o economista-chefe do Bradesco, Octávio de Barros. De acordo com ele, 2015 será, à semelhança do que aconteceu 12 anos antes, marcado por dois momentos bem distintos. Um deles, de fortes ajustes e o outro de recuperação da confiança na economia do país, com retomada do crescimento.

Para Barros, quem quer que seja o vencedor da eleição presidencial deste ano, terá que realizar uma série de ajustes para adaptar a economia brasileira a uma nova condição global. Esse cenário inclui, principalmente, o fim das políticas de estímulo nos Estados Unidos, que deve enxugar o excesso de liquidez no mercado global e promover a alta dos juros dos títulos públicos americanos.

Além disso, o economista vê a necessidade de uma correção de rota no que diz respeito aos preços administrados, que precisarão ser reajustados, e de adoção de regras para a política fiscal. Para ele, o grande desafio do Brasil, sem considerar as mudanças na economia americana, é reduzir a proporção da despesa primária do governo em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). “Se conseguirmos parar essa trajetória de crescimento das despesas do governo acima do PIB, no mesmo momento, as curvas de juros vão afundar, as expectativas de inflação vão melhorar e o Brasil conseguirá virar a página do ponto de vista da confiança na economia.” O economista participou do 12º Encontro Nacional SCA, realizado hoje em São Paulo.

Projeções

A projeção do Bradesco para o crescimento do PIB em 2014, segundo Barros, é de 1%, “com viés de baixa”. Para o ano que vem, considerando que serão feitos os ajustes necessários, a economia terá 1,5% de expansão. “Imaginamos alguma recuperação mais notável particularmente no segundo semestre do ano que vem”, disse.

Segundo Barros, em 2016 o crescimento deve acelerar para 2,5%. O economista acredita que, após 2017, o país tem “plenas condições” de crescer a uma taxa média de 3,5% ao ano de forma sustentada.

Quanto ao nível de desemprego, Barros vê uma tendência de estabilidade, em torno dos 5,5%, entre 2014 e 2015.

Inflação

Apesar de reconhecer a necessidade de ajuste nos preços administrados, o economista acredita que não haverá um “tarifaço”, com direito a explosão da taxa de inflação. “Temos alguns preços com trajetória de queda, como dos alimentos e dos serviços, que são nosso principal problema.”

Ele projeta uma inflação de 6,13% para 2014, baixando para 6% em 2015 e para 5,5% no ano seguinte. Barros afirma que até 2018 a inflação oficial deve convergir para o centro da meta, que é de 4,5% ao ano. A taxa básica de juro Selic, segundo a expectativa do Bradesco, deve ficar em 11% no fim do ano que vem, embora talvez possa haver alguma oscilação nesse intervalo.

Câmbio

O dólar deve fechar o ano em R$ 2,35, na projeção de Barros, subindo para R$ 2,45 no ano que vem e alcançando o patamar de R$ 2,70 até 2018. Segundo ele, as principais interferências na taxa de câmbio de curto prazo continuarão sendo a confiança na economia do país e o movimento das taxas de juros dos títulos públicos nos Estados Unidos.

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