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BC sinaliza em ata do Copom fim do ciclo de alta da Selic; juros sobem

O Banco Central (BC) divulgou hoje a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom),  na semana passada, na qual houve aumento de 0,25 ponto percentual na taxa básica Selic. O documento trouxe alterações de texto em relação à anterior que, segundo especialistas, sinalizam o fim do ciclo de alta dos juros.

No documento divulgado hoje, o BC omitiu os termos “continuidade” e “em curso” ao se referir à política de alta do juro básico para conter a inflação. A autoridade monetária também retirou da ata atual a passagem “dando prosseguimento ao processo de ajuste da taxa básica de juros”. Todas essas expressões estavam presentes na ata da reunião anterior, de fevereiro.

Neste momento

Além disso, o BC acrescentou à ata que o ajuste monetário seria conveniente “neste momento”. Depois, introduziu um parágrafo reforçando que “os efeitos das ações de política monetária sobre a inflação são cumulativos e se manifestam com defasagens”, de modo que “parte significativa da resposta dos preços ao atual ciclo de aperto monetário ainda está por se materializar”.

O cenário base traçado pelos analistas da consultoria LCA, segundo relatório enviado hoje a clientes, prevê mais um aumento de 0,25 ponto percentual na taxa Selic na reunião do Copom no fim de maio. Com isso, a taxa passaria a 11,25% ao ano, permanecendo nesse patamar ao longo de todo o segundo semestre. “Esse último aumento continua a figurar em nosso cenário base em função da dinâmica desfavorável da inflação”, diz a LCA.

BC retoma alta no fim do ano

Já os analistas do Banco Fator são mais contundentes ao afirmar que a alta dos juros acabou na reunião da semana passada, mas, o ciclo pode voltar mais adiante. Segundo o Fator, a autoridade monetária encara a piora recente da pressão inflacionária como “pontual e reversível”.

A alta de preços relacionada às condições climáticas e seu impacto sobre o preço dos alimentos é vista pelo BC como choque momentâneo e “pressões localizadas”, que “tendem a reverter nos próximos meses.

Para o Fator, “o Copom indica que a taxa Selic vai continuar nos atuais 11,00% por algum tempo”. Mas, tal sinal somado ao que foi indicado pela autoridade monetária no relatório trimestral de inflação publicado há duas semanas, “a retomada do ciclo de alta dos juros no fim deste ano segue como cenário mais plausível”.

Preocupação do BC

Apesar da sinalização de que o ciclo de alta dos juros pode ter terminado na reunião da semana passada, o BC ainda parece continuar preocupado com o comportamento da inflação, segundo análise da consultoria LCA. “A autoridade tornou a enfatizar que a elevada variação dos índices de preços ao consumidor nos últimos 12 meses contribui para que a inflação ainda mostre resistência, mas suprimiu o comentário de que a inflação vinha mostrando ‘moderação na margem’”, afirma a LCA em relatório.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice oficial de inflação no país, veio acima das expectativas do mercado, avançando 0,92% em março. O BC menciona, na ata de hoje, a necessidade de se manter vigilante, embora tenha retirado o termo “especialmente”, que constava na ata anterior.

Segundo os analistas da LCA, a evolução desfavorável da inflação provocou uma “nítida piora adicional das expectativas inflacionárias” do mercado. A consultoria lembra que, entre as reuniões do Copom de fevereiro e abril, a mediana das projeções de mercado para a alta do IPCA em 2014 e 2015 continuou subindo, aproximando-se do teto da meta.

As estimativas originadas pelos modelos de projeção do próprio Banco Central também pioraram, de acordo com a LCA, “em todos os cenários e para todos os horizontes”.

Juros futuros em alta

As taxas de juros projetadas pelos principais contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) com vencimento mais longo operam em alta, refletindo essa percepção do mercado de que as expectativas de inflação continuam se deteriorando semana após semana. Já a taxa mais curta, para janeiro de 2015, repercute a sinalização da ata de que o juro deve parar de subir.

O contrato para janeiro de 2015 projeta taxa de 11,07% ao ano, ante 11,10% no ajuste de ontem. Janeiro de 2017 sobe de 12,23% para 12,29% e janeiro de 2021, de 12,50% para 12,56%.

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