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Moody’s alerta para impacto da Lava Jato nos bancos, especialmente os públicos

O aprofundamento da investigação do suposto esquema de propinas na Petrobras provocou preocupação aos bancos brasileiros com exposições não apenas à petroleira controlada pelo Estado, mas também à sua ampla base de fornecedores, assim como ao segmento de indústrias de petróleo e gás e de construção, de acordo com a Moody’s Investors Service. Segundo a agência, os riscos são maiores para os bancos públicos, “que poderiam ser obrigados pelo governo a oferecer à Petrobras e seus fornecedores suporte para evitar uma crise de crédito”.

A investigação na Petrobras poderia “exacerbar a situação para os bancos brasileiros, uma vez que as expectativas para crescimento do crédito em 2015 já eram modestas”, afirmou Celina Vansetti-Hutchins, diretora-gerente da Moody’s. “Qualquer aumento nas provisões dos bancos contra perdas relacionas à Petrobras e aos seus fornecedores, assim como aos setores de petróleo e gás e de construção, poderia prejudicar lucros e levar a um aperto das condições de crédito, o que poderia ter repercussões na economia brasileira.”

Em suas divulgações de resultados do ano passado, os presidentes do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal minimizaram o impacto do escândalo da Petrobras em suas carteiras de crédito, afirmando que a exposição direta às empresas citadas é pequena e que muitos empréstimos têm garantia de receitas de projetos.

O aumento expressivo das exposições dos bancos às indústrias de óleo e gás e de construção nos anos recentes e a incerteza provocada pela investigação têm levado bancos a limitarem os financiamento para os dois setores, à medida que tentam identificar quais entidades são as mais vulneráveis, de acordo com o relatório da Moody’s “Petrobras Contagion Risks for Banks Extend to the Broader Oil and Gas Sector”. A Petrobras, lembra a agência, já bloqueou a participação de diversos fornecedores envolvidos na investigação em contratos futuros, destacando o risco de contágio para bancos com exposições nestes setores.

No entanto, observa a Moody’s, os bancos provavelmente vão continuar financiando a Petrobras, devido à sua performance operacional relativamente sólida e a expectativa de provável apoio do governo. A estatal permanece como uma das empresas mais estrategicamente importantes no Brasil. No entanto, enfrenta pressões de liquidez no curto prazo em parte devido à investigação, bem como aos atrasos em publicar seus balanços auditados no prazo estabelecido.

Foi por esses riscos que, em 24 de fevereiro, a Moody’s rebaixou o rating de divida sênior da Petrobras para Ba2, de Baa3, “não apenas pelas preocupações com o risco de liquidez, mas também pela expectativa de que a empresa poderia ter dificuldade em reduzir seu elevado endividamento ao longo dos próximos anos”.

A Moody’s alerta também que, se a empresa atrasar mais a divulgação de suas demonstrações financeiras de 2014, os credores poderiam decidir exercer seu direito de acelerar o vencimento dos US$ 137 bilhões em obrigações financeiras pendentes. Neste caso, no entanto, outras empresas tomadoras de recursos e que fazem negócios com a Petrobras poderiam entrar em default ou abrir processo de falência, o que poderia fazer com que os bancos executassem garantias que afetariam o sistema financeiro inteiro e a economia.

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