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HSBC vê dólar a R$ 3,20 em dezembro e analisa impacto de novo modelo econômico na bolsa

Diante da pior desvalorização do real desde a crise financeira de 2008, os analistas da corretora de ações do HSBC consideram o momento atual como uma fase de transição do modelo de crescimento do Brasil. Segundo relatório da casa, o país deixa um modelo puxado pelo consumo para uma aposta baseada em exportações e investimentos, o que deve mexer com o mercado acionário brasileiro.

Mesmo que a baixa da moeda brasileira melhore o retorno potencial em papéis em dólares no país, o movimento de queda da divisa resultou no nível mais baixo da BM&FBovespa em seis anos, observa o banco.

Para o HSBC, a mudança do modelo de crescimento deverá atingir o mercado acionário local de três formas: com o favorecimento da substituição de importações e exportadores; com aumento das pressões sobre as taxas de longo prazo e benefícios para pagadoras de dividendos, instituições financeiras, shoppings, rodovias; e com a recuperação da confiança dos empresários.

Na avaliação dos analistas André Carvalho e Marina Valle, o novo modelo de crescimento deve trazer benefícios para o país, assim como riscos significativos neste período de transição, com destaque para a deterioração do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e das perspectivas de inflação, além do estresse político.

A equipe do HSBC projeta um PIB de -1,2% em 2015, ante previsão de +1,1% em agosto de 2014 e +0,5% quando o real começou a se desvalorizar. Agora, a projeção média do mercado é de -0,8%. A inflação segue a mesma lógica, com a expectativa para este ano passando de 6,3% no mesmo período do ano passado para 7,9% atualmente.

Como uma saída sadia dessa transição, o banco defende um fortalecimento das bases da política macroeconômica (fiscal, monetária e de crédito). “Estamos otimistas quanto aos resultados da equipe econômica; assim, acreditamos ser provável uma mudança bem sucedida no modelo de crescimento”, diz trecho do documento.

Carvalho e Marina apontaram quatro pontos macroeconômicos desfavoráveis para o consumo num cenário de desvalorização cambial combinado a um ajuste de política já em andamento: alta na inflação, aumentos nos impostos, aumentos tarifários e desaceleração na criação de empregos ante uma alta na taxa de desemprego.

Mesmo que o ajuste monetário resulte em uma desaceleração mais profunda inicialmente, “ele é vital para estabelecer uma mudança no modelo e melhorar as perspectivas de crescimento em longo prazo para o Brasil, pois ajuda a combater a inflação, pressiona para baixo as taxas reais mais longas e também contribui para uma melhoria nos níveis de confiança”, aponta o relatório.

Na opinião da corretora, o ajuste fiscal também reduz o risco de um rebaixamento da dívida soberana, a medida que melhora os indicadores de solvência do setor público.

De acordo com o relatório, a desvalorização do real deverá ter longa duração, com o dólar a R$ 3,20 no final de 2015 e a R$ 3,3o em dezembro de 2016.

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