Arena Especial, Notícias do dia

Credit Suisse: contas externas retratam desaquecimento econômico e maior fragilidade do Brasil

O resultado das contas externas do Brasil em abril é um retrato de como a economia local está desacelerando este ano. O déficit de contas-correntes do país caiu para US$ 6,9 bilhões no mês, bem menor que os R$ 9,1 bilhões do mesmo mês de 2014, com impacto importante de itens que mostram a retração do consumo e da atividade no país, além da desvalorização do real. Uma tendência que deve continuar neste ano, à medida que a desaceleração da economia se acentua.

Importações, que acompanham o consumo interno, despesas líquidas com viagens internacionais e remessas de lucros e dividendos das empresas foram menores na comparação com o mesmo período do ano passado. As compras no exterior caíram 23,7% em relação a abril de 2014 e as remessas de lucros, 41,5%. Esses são itens mais sensíveis à retração da economia e ao dólar alto, observa o Credit Suisse em relatório. O quadro repete o visto nos meses anteriores e tende a continuar. Já as despesas com determinados serviços, como aluguel de equipamentos e transporte, impediram uma queda maior do déficit, que passou de US$ 104 bilhões em dezembro para US$ 99,4 bilhões em abril no acumulado de 12 meses.

Perfil de financiamento externo piora

Se o déficit externo está em queda, a forma como o país o financia piorou nos últimos meses. Abril contou com um forte ingresso de investimentos estrangeiros em carteira, tanto em ações, como em títulos de renda fixa, considerados mais voláteis, outra tendência que se iniciou este ano, chama a atenção o CS. O total investido por estrangeiros nesses ativos passou de US$ 4,3 bilhões em abril de 2014 para US$ 6,6 bilhões no mês passado. Ao mesmo tempo, os investimentos diretos, que são de mais longo prazo e mais estáveis, caíram, de US$ 8,5 bilhões em abril de 2014 para R$ 5,8 bilhões neste ano.

Segundo o CS, o país está dependendo mais do financiamento de curto prazo para financiar seu déficit externo. No ano, eles chegam a US$ 14,3 bilhões, ou 42,1% do investimento estrangeiro total no país. No mesmo período do ano passado, eles representavam 28,8%. A parcela de investimento direto declinou de 44,8% para 32,8% no mesmo período. O banco alerta que, como esses investimentos de portfolio são mais instáveis que os investimentos diretos, seu aumento na participação geral amplia a vulnerabilidade do Brasil a choques externos.

Neste mês, a tendência de queda do investimento direto continua, segundo o CS, que cita dados do Banco Central até dia 22. No mês, o investimento direto acumulado está em US$ 2,8 bilhões e a estimativa do BC é que ele feche em US$ 4 bilhões, menos da metade dos US$ 9,6 bilhões de maio do ano passado.

 

 

Artigo AnteriorPróximo Artigo