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Brasileiro desconhece reforma da previdência, mostra pesquisa

Os brasileiros não estão acompanhando a discussão sobre a reforma da Previdência Social, uma das principais bandeiras do governo interino de Michel Temer. Pesquisa feita pelo Instituto Ipsos a pedido da Federação Nacional de Previdência Privada é Vida (Fenaprevi) no fim de Julho mostrou que apenas 11% disseram considerar que sabiam muito ou o suficiente sobre a reforma da Previdência. O percentual dos que não ouviram falar sobre a reforma chega a 4I4%. Ou seja, quase a metade. “Os dados mostram que é grande o desconhecimento sobre a Previdência Social”, afirma Edson Franco, presidente da FenaPrevi. “Temos de fazer um esforço para ampliar o debate em torno desse tema fundamental para os brasileiros.”

Foram entrevistadas 1.500 pessoas com mais de 23 anos, de todas as classes sociais e de todo o país entre os dias 21 de Julho e 4 de agosto. À margem de erro da pesquisa é de 2,5%. O governo interino vem falando sobre a necessidade de reformar a Previdência Social, criando uma idade mínima para aposentadoria, de 65 anos, e outras medidas como desvincular o piso do salário mínimo e igualar as idades de mulheres e de homens desde o afastamento da presidente Dilma Rousseff, em 12 de maio.

Dos 54% que disseram ter ouvido falar na reforma, 45% disseram saber que há uma discussão para o aumento da idade de aposentadoria e 17% que há um debate em torno do aumento das contribuições. Os que ouviram falar dos dois temas são apenas 7%. Os que ouviram falar em cortes na aposentadoria são 5% e 7% não conheciam nenhum ponto da reforma.

Para Franco, os dados surpreendem pela repercussão que o tema teve na imprensa nos últimos meses e mesmo assim não chegou à maioria da população. “Há um problema sério e comunicação do governo com a sociedade que precisa ser resolvido para depois se fazer o convencimento sobre a necessidade de mudança nas regras atuais”, afirma.

A pesquisa mostrou também contradições entre os entrevistados sobre alguns pontos. A maioria, por exemplo, ou 66%, disseram que o governo deveria fixar uma idade mínima para aposentadoria, uma vez que os brasileiros estão vivendo mais. Ao mesmo tempo, 76% disseram não concordar que já que as pessoas estão vivendo mais tempo, elas deveriam se aposentar mais tarde.

Para Franco, essas respostas mostram a contradição entre o que as pessoas querem, o que elas acham certo e a expectativa pessoal de cada um. “O tema afeta cada pessoa de maneira diferente”, diz.

A pesquisa mostrou também que 62% da população espera que as mudanças; as na previdência vão dificultar o pedido de aposentadoria. Outros 57% acreditam também que os direitos dos trabalhadores serão reduzidos.

Segundo o levantamento, os homens gostariam de se aposentar aos 58 anos em media, mas reconhecem que na pratica só devem se aposentar aos 64 anos. Já as mulheres gostariam de se aposentar aos 53 anos na media, mas na pratica acham que vão conseguir apenas aos 58 anos.

Com relação ao tempo de contribuição, os homens deveriam se aposentar aos 31 anos de pagamento à previdência, segundo a pesquisa. Já as mulheres defendem 28 anos de contribuição.

A pesquisa mostrou desconhecimento também com relação às regras atuais da Previdência, com 53% afirmando que o menor valor é o salário mínimo, mas 23% não sabiam disso. Já o teto pago pela Previdência hoje é desconhecido por 59% dos entrevistados.

Um dos pontos fortes da pesquisa foi a visão de que as regras sejam iguais para todos. Regimes especiais por categoria profissional foram rejeitados, com 69% defendendo regras iguais de aposentadoria para todos. E 83% disseram que os funcionários públicos deveriam estar sujeitos às demais regras dos trabalhadores do setor privado.

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