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BNP Paribas: mesmo com novos ministros, economia fica parada em 2015

Mais importante do que uma nova equipe econômica são as políticas que serão implementadas em 2015, afirma o economista-chefe do BNP Paribas para a América Latina, Marcelo Carvalho, durante coletiva com jornalistas sobre o relatório macroeconômico trimestral do banco. Para o executivo, assim como em 2014, o Produto Interno Bruto (PIB) do país não deve registrar crescimento no ano que vem, mesmo com um nova equipe econômica. A estimativa anterior do banco era de uma  expansão da economia brasileira de 1% no próximo ano.

“Todos os nomes que estão sendo citados são fortes e conhecidos do mercado, mas o grande desafio está na política e no suporte que será dado a este time diante de um quadro de baixo crescimento, inflação alta e risco de perda do grau de investimento”, afirmou, ao comentar os nomes que teriam sido escolhidos pela presidente Dilma Rousseff para compor a equipe de seu próximo mandato.

Segundo informações da imprensa, o ex-secretário do Tesouro Joaquim Levy seria o próximo ministro da Fazenda, o que agradou os mercados por sua posição mais ortodoxa e mais dura com relação ao déficit fiscal e à inflação. “Independentemente dos novos ministros, estamos numa situação politicamente difícil e economicamente desafiadora”, disse Carvalho.

Estoques altos e confiança baixa

No cenário interno, Carvalho aponta como principais entraves dois anos de economia praticamente parada (2014 e 2015), com alto nível dos estoques de produtos e indicadores de confiança deprimidos entre empresários e consumidores. “Mesmo com as medidas adequadas, só poderemos pensar numa inflação no centro da meta a partir de 2016”, diz.

Selic de 13% e dólar perto de R$ 3

A inflação esperada pelo BNP para 2014 ainda é de 6,5% e continua em 7% para 2015, por conta da pressão dos preços administrados, que incluem itens como gasolina, energia elétrica e as tarifas de transporte público, que deverão ser liberadas no início do novo mandato. Sobre os juros, o economista já prevê um novo reajuste de 0,25 ponto percentual na próxima reunião do Banco Central (BC) em dezembro e uma taxa básica de 13% em 2015. O câmbio, por sua vez, deve ser de R$ 2,60 até o final do ano que vem, “mais próximo dos R$ 3 do que dos R$ 2”.

Crescimento Global

Além dos desafios locais, o cenário global também complica uma eventual melhora da economia brasileira em 2015. Carvalho vê o crescimento mundial num ritmo de recuperação gradual e desigual, com os Estados Unidos com forte recuperação e com juros maiores já no segundo trimestre de 2015, uma zona do euro com crescimento de 0,8% este ano e ano que vem e a China desacelerando para um PIB de 7,4% este ano, ante 7,7% do ano passado, de 6,8% em 2015 e 6,5% em 2016.

Com a divisa americana se valorizando ante as outras moedas e os juros mais altos, o economista assinala que os investimentos tendem a sair dos países emergentes e voltar aos mercados com juros melhores e menor risco, no caso, os EUA. Além disso, a valorização do dólar no exterior também implica em um queda dos preços das commodities, setor no qual o Brasil se destaca como exportador.

Racionamento e o PIB

A recente análise do executivo sobre o país não considera um possível racionamento de energia. No entanto, caso essa situação se concretize, as perdas para o PIB brasileiro seriam de 1 ou 2 pontos percentuais, estima. “A probabilidade de racionamento não é tão baixa assim, com ele passaríamos de um crescimento ‘zero’ para um território negativo em 2015”, completa.

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