O Índice Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 1,22% em fevereiro, variação pouco superior à de janeiro, de 1,24%, mas bem acima do 0,69% do mesmo mês do ano passado. Com esse resultado, o índice calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e usado pelo Banco Central (BC) em seu regime de metas de inflação, acumula 2,48% no ano, o dobro do 1,24% registrado nos dois primeiros meses do ano passado. Em 12 meses, o índice acumula alta de 7,7%, ultrapassando o teto da meta, de 6,5% e o mais alto percentual desde os 8,05% de maio de 2005.
O índice ficou acima do esperado pelo mercado, que trabalhava com alta de 1,08% e 7,56% em 12 meses. Segundo o Banco Fator, os preços administrados foram os principais motivos da alta, com 9,64%, enquanto os preços livres subiram menos, 7,14%, mas ainda assim bem acima da meta do BC.
Gasolina na inflação
Entre os preços administrados, o vilão do mês foi a gasolina, com alta de 8,42%, refletindo o aumento do PIS/Cofins, que entrou em vigor em 1º de fevereiro. Sozinha, a gasolina contribuiu com 0,31 ponto percentual para o IPCA, ou quase um quarto da variação do mês. A gasolina puxou também o item Transportes, que fechou fevereiro com alta de 2,2% e teve impacto de 0,41 ponto no percentual do IPCA de fevereiro. O óleo diesel também pressionou, com aumento de 5,32% também pela tributação maior, e o etanol não ficou para trás e subiu 7,19%. Juntando todos, os combustíveis tiveram alta de 7,95% no mês.
Outros gastos importantes ainda em Transportes, segundo o IBGE, foram dos preços das passagens de trem, 3,10%; automóvel novo, 2,88%; ônibus urbano, 2,73%; metrô, 2,67%; ônibus intermunicipal, 1,68%; táxi, 1,21%; e conserto de carro, 1,20%.
Luz pressiona menos, por enquanto
Entre os itens, Alimentação pressionou menos, assim como Habitação e Despesas Pessoais. Mas Artigos de Residência, Saúde e Educação puxaram o índice (ver tabela abaixo). Mas, apesar da desaceleração, Alimentação segue num patamar alto, acumulando 8,99% em 12 meses. Habitação pressionou menos pela desaceleração da conta de luz, de 8,27% em janeiro para 3,14% em fevereiro, mesmo assim contribuindo com 0,1 ponto percentual para o IPCA do mês. Mas a conta de luz tende a voltar a pressionar em março, pelos reajustes de até 39,5% autorizados. Já os combustíveis terão sua pressão reduzida também pelo aumento da mistura de etanol na gasolina, a partir do dia 16.
Grupo | Variação (%) | Impacto (p.p.) | ||
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Janeiro | Fevereiro | Janeiro | Fevereiro | |
Índice Geral | 1,24 | 1,22 | 1,24 | 1,22 |
Alimentação e Bebidas | 1,48 | 0,81 | 0,37 | 0,2 |
Habitação | 2,42 | 1,22 | 0,35 | 0,18 |
Artigos de Residência | -0,28 | 0,87 | -0,01 | 0,04 |
Vestuário | -0,69 | -0,6 | -0,04 | -0,04 |
Transportes | 1,83 | 2,2 | 0,34 | 0,41 |
Saúde e Cuidados Pessoais | 0,32 | 0,6 | 0,03 | 0,07 |
Despesas Pessoais | 1,68 | 0,86 | 0,18 | 0,09 |
Educação | 0,31 | 5,88 | 0,01 | 0,27 |
Comunicação | 0,15 | -0,02 | 0,01 | 0 |
Obs.: p.p. = ponto percentual. Fonte: IBGE
Um ponto positivo foi a queda no índice de difusão, que mostra o percentual de produtos em alta no indicador, e que recuou de 68,9% para 68,1%, segundo o Banco Fator, mas mesmo assim ainda acima da média histórica, indicando pressão sobre a inflação.
Dólar ainda não teve impacto
O Fator observa que os preços administrados tiveram alta de 2,37%, ante 2,50% no mês anterior. Os produtos sujeitos ao impacto do dólar (tradables) subiram menos, 0,43% em fevereiro e 5,90% em 12 meses, indicando que a alta forte da moeda americana ainda não teve impacto direto na inflação. Já os preços dos serviços pressionaram mais, 1,07% em fevereiro, ante 0,87% em janeiro, acumulando 8,58% em 12 meses.