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IBGE: crescimento de julho não zera queda da indústria no ano

A alta de 0,7% da produção industrial na passagem de junho para julho não foi suficiente para repor a perda de 3,5% acumulada desde fevereiro. A indústria brasileira registrava cinco quedas consecutivas, sendo que a mais intensa (-1,4%) foi observada em junho, segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Mesmo com esse resultado positivo na margem, que tem claramente um perfil disseminado de crescimento, ainda é pouco para superar aquelas perdas mais intensas observadas em cinco meses de taxas negativas consecutivas”, disse o pesquisador do IBGE André Macedo.

Segundo ele, a alta de julho foi provocada pelo fato de o mês ter mais dias úteis do que junho, que sofreu impacto pelo grande número de feriados na primeira fase da Copa do Mundo.

Macedo destaca que em outros tipos de comparação temporal, a indústria continuou apresentando quedas. Na comparação com julho de 2013, a queda chegou a 3,6%. A indústria também acumula quedas de 2,8% no ano e 1,2% em 12 meses. “Nos outros tipos de comparação, os resultados ainda são predominantemente negativos”, disse.

O pesquisador explica que é preciso esperar os resultados dos próximos meses para saber se a alta de 0,7% sinaliza recuperação ou se é apenas o efeito de comparação com um mês que teve desempenho muito fraco (junho deste ano).

O avanço de junho para julho foi motivado por altas nos bens de consumo duráveis (20,3%) – máquinas e equipamentos usados no setor produtivo (16,7%) – e bens de consumo semi e não duráveis (0,7%).

Alta em 20 dos 24 setores

Vinte dos 24 setores da indústria pesquisados tiveram crescimento na produção. Os principais impactos positivos vieram dos equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (44,1%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (8,5%).

O segmento equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos teve a maior alta da série histórica, iniciada em 2002, e interrompeu uma trajetória de quatro meses de quedas (que acumulou perda de 38,1%). Já os veículos automotores superaram queda de 18,1%, acumulada nos meses de maio e junho.

Outros setores que tiveram contribuição importante para o crescimento da produção industrial foram outros equipamentos de transporte (31,3%), máquinas e equipamentos (7%), máquinas e materiais elétricos (13,1%), outros produtos químicos (2,4%), além de vestuário e acessórios (8,6%).

Uma queda de 6,3% no segmento de produtos alimentícios impediu que a indústria tivesse um desempenho melhor. Outro setor que contribuiu negativamente foi o de coque, derivados do petróleo e biocombustíveis (-2,6%).

Mantega: economia não está parada

Ao comentar o desempenho da produção industrial, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse hoje que “a economia cresce, neste segundo semestre, e sem recessão”.

“A economia não está parada. Não está em recessão. Teve problemas passageiros no primeiro semestre, mas neste segundo semestre vamos em direção a uma gradual melhoria. A produção industrial veio bem, mostrando que no segundo semestre nós temos um crescimento da atividade econômica”, disse. Mantega lembrou que o maior crescimento foi registrado em bens duráveis e também bens de capital (máquinas e equipamentos utilizados na produção). “[resultado] Importante porque indica que neste terceiro trimestre teremos um crescimento positivo ao lado de outros indicadores”, acrescentou.

O ministro citou ainda outro indicador, o Índice de Gerentes de Compras do setor industrial brasileiro (PMI, na sigla em inglês), divulgado pelo Banco HSBC,  que mede o “apetite dos gestores para comprar”. O índice, divulgado ontem, chegou a 50,2 pontos em agosto, ante os 49,1 pontos em julho. Ele avalia o resultado como positivo, pois representa a intenção de aumentar as atividades.

Além desse índice, o ministro citou o desempenho das 271 maiores empresas do país, com capital aberto, que tiveram aumento na receita líquida de 11,9% na mesma comparação.

Sobre a correção da tabela do Imposto de Renda (IR), que caducou no Congresso Nacional, Mantega disse que o governo busca uma alternativa para enviar ao Parlamento de forma a permitir que a proposta seja mantida para o contribuinte. A medida provisória que reajusta a tabela do IR não foi votada pelos parlamentares e perdeu validade.

 

 

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