Arenas das Empresas, Governança

Boa notícia para o mercado: Camargo Corrêa muda oferta de fechamento da CCDI

Uma boa notícia para o mercado: a Camargo Corrêa anunciou ontem que vai mudar a oferta de fechamento de capital da sua controlada, a Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário (CCDI), braço de construção residencial do grupo. Antes, a empresa ia fazer uma oferta só para fechar o capital e sair do Novo Mercado. Agora, fará a oferta apenas para fechar o capital e depois poderá fazer outra para deixar o segmento da bolsa se o fechamento não for aprovado.

A mudança representa um avanço em termos de governança para o mercado. A Associação dos Investidores do Mercado de Capitais (Amec) defende que as empresas não façam uma oferta só para as duas operações, pois isso abriria espaço para fechamentos brancos de capital – nos quais a empresa continua aberta, mas com baixíssima liquidez.

O motivo é que, para fechar seu capital, a empresa precisa recomprar pelo menos dois terços das ações em circulação. Se não conseguir atingir esse percentual, a empresa não pode fechar o capital e pode recomprar no máximo 30% de seus papéis em circulação. Mas, com a desculpa de fazer uma oferta para as duas operações, a empresa acabava comprando mais de 30% das ações, mesmo sem fechar o capital. E o papel ficava sem liquidez e fora do Novo Mercado.

Assim, a sugestão da Amec, aceita pelo Itaú na Redecard e agora pela Camargo Corrêa na CCDI, é fazer primeiro a oferta de fechamento. Se não conseguir os dois terços das ações, a companhia pode fazer outra oferta para sair do Novo Mercado, com limite de compra de até 30% das ações.

A saída de empresas do Novo Mercado e da bolsa em geral é um fato negativo, mas natural. Empresas que não tiveram sucesso no mercado, cujas ações estão muito abaixo de seu valor patrimonial, ou que não precisam de recursos do mercado de capitais, podem recorrer ao fechamento. A queda forte do mercado nos últimos anos favorece essa saída, pois torna mais barato para o controlador comprar a parcela dos minoritários.

A CCDI é um exemplo. Ela estreou no mercado com um preço de R$ 13,473, em 30 de janeiro de 2007 e, hoje, fechou negociada a R$ 5,40, uma perda de 59,92%. Braço residencial de uma das principais construtoras do país, a empresa abriu seu capital no auge da bolha das ofertas de ações, e os analistas viam um grande potencial para o papel, tendo em vista o próprio setor. Mas algo não deu certo no plano da empresa de se concentrar no segmento de alta renda, e as ações patinaram durante anos. Com prejuízo de R$ 192,8 milhões no ano passado, a empresa era negociada a 0,88% do seu valor patrimonial até março, mas ajustou-se depois do anúncio da oferta e está agora exatamente no valor patrimonial.

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