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Consultoria contratada pela Saraiva sugere operações irregulares de fundos da GWI

A Saraiva apresentou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) um estudo feito pela consultoria Métrica Consultoria e Pesquisa, que concluiu que a GWI, do sul-coreano Mu Hak You, pode ter cometido irregularidades com ações da empresa. A Saraiva iniciou uma batalha para retirar Hak You do Conselho da companhia que inclui, além das denúncias à CVM, ações judiciais contra a gestora e seus fundos.

Segundo a Métrica, a GWI adotou uma estratégia de acumulação de participação acionária na Saraiva de 25 de agosto de 2015 a 22 de junho de 2016. Porém, a gestora não foi só compradora, foi também vendedora, com intenso giro e com os fundos da GWI atuando nas duas pontas do mercado, compradora e vendedora.

Em muitos casos, as quantidades vendidas e compradas foram idênticas ou muito próximas, o que, para a consultoria, não faria sentido econômico.  “Para dizer o mínimo, a alternância sistemática e intenso giro seriam indicativas da prática de ‘churning’, ou seja, grande fluxo de ordens com efeito líquido zero com o intuito de gerar corretagem, onerando os fundos”, diz a consultoria. “Na pior hipótese, aventaria-se a transferência de renda entre fundos de um mesmo gestor”.

Além disso, diz a consultoria, o giro elevado ao longo do dia pode sugerir a possibilidade de manipulação de preços, tal como corre em um esquema do tipo “pump and dump”, onde os preços são artificialmente inflados para se vender posteriormente um lote maior ou o inverso. Mesmo que as operações fossem realizadas automaticamente por robôs, a consultoria afirma que os algoritmos usados conflitam, no mínimo, com o interesse dos cotistas dos fundos, pois procederam grande número de compras e vendas enre os fundos geridos pela GWI com um saldo líquido igual ou muito próximo de zero.

Para a consultoria, a GWI “introduziu mudanças no padrão de volatilidade, preços e volume negociado, levantando hipóteses importantes a respeito da criação de condições artificiais de mercado e, mesmo de que o gestor pode ter se beneficiado direta ou indiretamente de tais mudanças por ele causadas”.

 

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