O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) cumpriu o esperado e aumentou a taxa básica de juros de 9,5% para 10% ao ano. Além do aumento, já esperado pela maioria do mercado, o BC manteve a parte principal do comunicado que acompanha a divulgação da nova taxa, o que indica que deve continuar subindo os juros na próxima reunião, em janeiro.
No comunicado, o BC afirma apenas que “dando prosseguimento ao processo de ajuste da taxa básica de juros, iniciado na reunião de abril de 2013, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 10,00% ao ano, sem viés”.
O Copom retirou, porém, uma parte do comunicado, a que falava que “O Comitê avalia que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano”.
A retirada foi vista por alguns, como o Banco Itaú, como um sinal de que o fim do ciclo se aproxima. Outros, porém, como o Banco Fator, veem na retirada do texto um sinal de que o BC não quer se comprometer nem com mais altas, nem com a interrupção do ciclo na próxima reunião.
Esse era o ponto mais importante da decisão de hoje, sobre se o BC mudaria o discurso para indicar que o ritmo de aumento dos juros mudaria. Pode ser, porém, que na reunião de janeiro o ritmo de alta caia para 0,25%, mas a decisão de hoje deve levar muitos bancos e investidores a reverem suas estimativas para os juros no ano que vem, de 10,75% para 11% ou mais.
A decisão unânime também mostra a determinação do BC em tentar segurar as expectativas inflacionárias, que seguem projetando uma alta maior do IPCA para o ano que vem e para os próximos anos. Com o governo mantendo uma política fiscal frouxa, resta ao BC apertar mais a política monetária. A inflação segue bem acima da meta de 4,5%, com as projeções para o ano que vem perto de 6% ao ano.
O juro básico brasileiro volta assim aos dois dígitos um ano e cinco meses depois de ter caído de 10,50% ao ano para 9,75% em março de 2012.
Votaram a favor do aumento dos juros Alexandre Tombini, Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim e Sidnei Corrêa Marques.