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Investir em startups: dicas essenciais para entrar no jogo

Ao contrário da maior parte das empresas brasileiras, as startups, empresas inovadoras iniciantes, seguem crescendo e seus mercados estão aquecidos. Não é difícil, portanto, entender porque cada vez mais investidores brasileiros procuram participar desse mercado. Startups são enxutas, têm foco e adotam modelos de negócios inovadores para atender um público potencial de milhões de pessoas. Em poucas palavras, são escaláveis e têm alto potencial de crescimento. Ao contrário das empresas tradicionais, seus modelos e mercados permitem crescimento acelerado e o investidor quer participar dessa evolução.

Dentre elas, um destaque é o segmento de Fintech (tecnologia financeira), com empresas como NuBank e Guia Bolso revolucionando seus mercados e, ao mesmo tempo, atraindo grandes investimentos. O setor de e-commerce não fica atrás e continua a crescer mais de 10% ao ano. Essas startups têm vantagens claras de tecnologia e modelos de negócios modernos. Esses fatores fazem com que seja bem razoável prever que o crescimento delas continuará a surpreender nos próximos anos, independentemente da situação macro brasileira.

Para muitos investidores, o acesso a estas oportunidades era restrito no passado. Nos últimos anos, porém, o mercado de equity crowdfunding vem se solidificando no país com plataformas, como a EqSeed, que permitem ao investidor escolher as melhores startups e construir sua própria carteira de jovens empresas.

Por meio das plataformas de equity crowdfunding, é possível analisar várias startups e decidir em quais investir. Para quem quer começar a construir sua própria carteira de startups, há boas práticas essenciais a se considerar. São elas:

Diversificação – uma carteira é melhor do que apenas um investimento

Diversificação é a palavra-chave para investimento em todo o mercado financeiro, o que vale mais ainda para a alocação em startups. Investir em jovens e pequenas empresas é uma atividade arriscada, de longo prazo e, por isso, é recomendável que preencha uma fatia de, no máximo, 10% do total de sua carteira de investimentos. Ao invés de investir um valor alto em apenas uma startup, a sugestão é alocar em várias startups de setores diferentes. Essa estratégia é adotada pelos investidores-anjos há décadas, tanto pela proteção que oferece, quanto pela probabilidade maior de retorno lucrativo no longo prazo. Muitas startups não darão certo. Isso é natural, faz parte. Outras vão dar incrivelmente certo. A ideia atrás de construir uma carteira de startups é que os retornos daquelas que tiveram sucesso vão superar significativamente as perdas provindas das startups que não deram certo. Assim, o investidor sai ganhando.

Invista por meio de notas conversíveis como medida de proteção

A maioria das startups no Brasil tem como natureza jurídica o acordo de Sociedade Limitada, que traz vários benefícios para a empresa, como acesso ao regime tributário Simples nacional, custos reduzidos e menor burocracia. São poucos os investidores, porém, que gostariam de aparecer no contrato social de uma limitada como sócio investidor devido a alguns riscos específicos.  Por isso, a melhor estrutura para proteger o investidor nessas empresas é um mútuo conversível, mais conhecido no mercado como Nota Conversível. Com isso, o investidor começa como credor da investida e assim permanece enquanto a empresa mantiver a natureza de Sociedade Limitada. Quando a empresa se transforma em uma Sociedade Anônima, o investidor passa a ser acionista. Tanto como credor quanto como acionista, ele é bem protegido pela lei brasileira.

Garanta seu direito de acesso a informações

Como investidor, você naturalmente quer saber como a empresa aplica o seu dinheiro, como está seu progresso e estado financeiro em geral. Embora a empresa seja obviamente obrigada a fornecer essas informações aos seus sócios e acionistas, esse direito não é garantido por lei para os credores. Por isso, é essencial que você se certifique que os termos da sua Nota Conversível asseguram acesso a essas informações. Por incrível que pareça, é um direito que não é sempre incluído nos termos para todo investidor. Você deve receber resumos de performance da startup pelo menos a cada três meses. As melhores startups fazem tudo o que for possível para engajar seus investidores com uma frequência ainda maior.

Fique de olho no custo para investir

Investir tem custos como qualquer outro serviço e é natural que um fornecedor cobre uma taxa por isso. Mas é importante saber exatamente qual é este preço. Muitas vezes, as taxas podem ser tão altas que tiram o incentivo do investimento. O modelo de equity crowdfunding é baseado em desintermediação financeira, o que elimina a necessidade de intermediários caros no processo de investir. A ideia de equity crowdfunding é permitir ao investidor acessar possibilidades de aplicações em ótimas startups sem ter que pagar uma taxa de administração para um gerente de fundo ou uma taxa de sucesso para um investidor ‘líder’ – custos muitas vezes exorbitantes, que reduzem bastante os retornos no final das contas.

Garanta o seu direito de preferência

Startups de sucesso seguem um caminho conhecido ao longo dos anos para sustentar a sua taxa acelerada de crescimento. Isso é feito por meio de várias captações de investimento, as chamadas rodadas de captação. Em cada rodada, novos investidores entram com valores cada vez maiores, que naturalmente diluem as porcentagens tanto dos sócios-fundadores quanto dos investidores prévios. Prepare-se para a realidade de diluição de modo sensato, exigindo direito de preferência. Nenhum investidor profissional investe sem esse direito essencial. Com ele você tem o direito de participar nas rodadas futuras, antes dos novos investidores, para manter sua porcentagem da empresa. É importante lembrar que, para exercer esse direito, o investidor terá que aportar mais dinheiro a cada nova rodada. Mas isso é uma opção e não uma obrigação e se você investe numa startup que realmente decola, o seu direito de preferência pode ter um valor enorme.

Saiba qual fatia da empresa você está comprando

É um pouco estranho imaginar que alguém investiria em algo sem saber exatamente o que vai receber. Mas acontece com alguns métodos de investimento em startups. Nesse mundo, ou você define a porcentagem que comprará da empresa no momento do investimento ou você pode negociar uma taxa de desconto para comprar participação da startup em uma rodada futura. A primeira alternativa é sempre melhor. Definir sua porcentagem no momento de investir permite saber exatamente o que você recebe em troca do seu investimento. Quando se aceita os termos de um desconto, você efetivamente coloca um limite nos seus possíveis retornos durante o período entre a rodada atual e a próxima. É muito melhor definir a porcentagem logo de saída para que você possa maximizar seus possíveis retornos e o seu “upside”. Afinal de contas, é essa possibilidade de enorme “upside” que motiva o investimento em startups.

Confirme seu direito de venda conjunta

No Brasil, a maioria das startups de sucesso acabam sendo compradas, mais cedo ou mais tarde, por empresas maiores. De fato, essa é a meta tanto dos investidores quanto de muitos fundadores. É a famosa saída do investimento – o momento esperado quando investidores e fundadores conseguem vender suas participações e realizar o lucro. Como investidor, é importante confirmar que, ao chegar esse momento, você não será deixado de fora. O “tag-along” (direito de venda conjunta) diz basicamente que, se os controladores da empresa decidem vender suas partes da empresa, você, investidor, tem o direito de vender sua fatia junto com eles para o mesmo comprador, pelo mesmo preço e pelos mesmos termos. Assim, você garante que será remunerado, recebendo os retornos que merece por ter investido na empresa.

Ponha a mão na massa e aprenda fazendo

Naturalmente, o mundo de investimento em startups é novo e, como qualquer outra coisa nova, demanda aprendizado. Uma plataforma de equity crowdfunding torna esse aprendizado muito mais fácil. Todo investidor recebe os mesmos termos e proteções que são de padrão profissional, seja ele um investidor sofisticado investindo R$ 100.000 na startup ou um investidor menor fazendo seu primeiro investimento com um valor de R$ 5.000. O fato do investidor menos experiente receber termos idênticos a, digamos, um advogado ou um executivo muito experiente que colocam valores muito maiores por empresa, traz segurança e gera confiança. É essa a grande atratividade do equity crowdfunding, com ele você também pode participar desse mercado.

 

Greg Kelly é sócio fundador da plataforma de equity crowdfunding eqseed.com. Ele é matemático com grande experiência nos mercados de capitais e investimentos, tendo trabalhado no Lloyds Bank londrino e outras instituições financeiras. Kelly é também diretor da Equity – Associação Brasileira de Equity Crowdfunding. E-mail [email protected].

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