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Café na Arena: presidente da Ancord diz como as corretoras driblam as dificuldades de uma bolsa em baixa

As corretoras de valores independentes, não ligadas a bancos, enfrentam uma situação delicada pois têm muita dependência do mercado de capitais, que passa por um momento difícil que já dura bastante tempo, afirma Caio Villares, presidente da Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Valores (Ancord). O motivo é simples: se acumulado desde o Plano Real, em 1994, até setembro deste ano, o retorno da aplicação em ações representa apenas um terço do obtido no CDI no período. Esse fraco desempenho explica o baixo interesse dos investidores pelo mercado acionário, que sofre ainda com os problemas da economia e da política. O número de pessoas físicas registradas na bolsa também segue nos mesmos níveis de 2009, em torno de 550 mil, sendo que apenas uma pequena parte realmente negocia ações.

Assim, as corretoras independentes têm buscado alternativas para se desvincular do mercado acionário, tornando-se líderes na distribuidoras de títulos do governo via Tesouro Direto. Ganham também espaço na distribuição de fundos de terceiros, de assets independentes, que também sofrem pela concorrência de outros ativos isentos, as LCI e LCA, que se tornaram os preferidos das pessoas físicas. E as LCI e LCI, por sua vez, também ganharam um papel importante no portfolio distribuído pelas corretoras. Mesmo assim, as receitas desses ativos são pequenas se comparadas às obtidas no mercado acionário, o que obriga as corretoras a se adaptarem cada vez mais.

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Diante desse quadro, as corretoras têm se movimentado, buscando parcerias, fusões ou mesmo deixando o mercado. Villares lembra que muitos dos valores agregados por essas instituições podem ser oferecidos sem a necessidade de se ter a corretora, caso da assessoria financeira, a gestão, e algumas podem continuar no negócio sem a plataforma de acesso ao mercado. Mas essa estrutura financeira, de execução de operações, é também porta de entrada para muitas oportunidades, e hoje, para qualquer conglomerado, ter uma corretora é estrategicamente importante, afirma.

União de infraestruturas

Entre os caminhos que estão sendo encontrados pelas corretoras, uma saída é reduzir o escopo das atividades das corretoras, criando um backoffice comum e concentrar um pouco mais suas atividades em suas operações. Villares conta o exemplo da própria Concórdia, da qual é sócio, que em parceria com outras três instituições está criando um num pool de compartilhamento de infraestrutura. É um exemplo claro de aproveitar sinergias sem se fundir com outra, mantendo suas características e diferencias, explica o executivo. Ele espera que o projeto esteja em funcionamento até o fim do primeiro semestre do ano que vem.

Fusão BM&FBovespa e Cetip

Villares critica também a operação de fusão entre a BM&FBovespa e a Cetip, central de títulos privados, pela forte concentração de mercado que a operação proporcionará. Ele lembra que hoje, a BM&FBovespa distribui mais de 80% do lucro e tem um dos maiores retornos do mercado, situação parecida com a Cetip. E esse ganho aumentará ainda mais com a união das duas e as sinergias com cortes de custos operacionais. Para ele, a operação só fará sentido se a nova instituição dedicar uma parte de seus esforços (e de seus ganhos principalmente) também para ajudar os distribuidores no trabalho de divulgação e popularização do mercado de capitais brasileiro. Hoje são as corretoras que fazem esse trabalho, lembra Villares, ao mesmo tempo em que sofrem cobranças cada vez maiores de padrões e exigências operacionais pela bolsa.

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