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Papel do Santander dispara com especulação sobre venda de banco europeu

Os papéis do Santander dispararam hoje na bolsa, em meio a novos boatos sobre a venda do banco espanhol no Brasil. O motivo da nova onda de boatos foi o comentário de hoje do apresentador do jornal da Band News, o colunista Ricardo Boechat, afirmando que ouviu de um banqueiro que até sexta-feira seria anunciada a venda da operação de um banco europeu no Brasil. O jornalista não citou nomes e nem indicações de quais instituições estariam envolvidas.

Foi o bastante, porém, para o mercado ressuscitar o boato de que o Bradesco estaria comprando o Santander. Amplamente divulgado no ano passado, o boato foi rechaçado pelas duas instituições, que negam peremptoriamente qualquer negociação. Apesar disso, o papel disparou e, às 11h40, o unit (recibo de ações) do Santander estava em alta de 4,15%, atrás apenas dos papéis da Petrobras na lista de maiores altas do Índice Bovespa. O unit saiu de R$ 14,45 no fechamento de ontem para R$ 15,32 na máxima de hoje, recuando para os atuais 15,05.

Desta vez, como não foram citados, os dois bancos evitaram comentar a informação.

Risco para investidor

Para o investidor, é preciso tomar cuidado com esse tipo de movimento, ainda mais para uma informação que já foi negada várias vezes e não se confirmou meses depois de circular no mercado. Em muitas ocasiões, especuladores usam declarações mal interpretadas para criar teses e derrubar ou puxar os preços de determinada ação. Compram o papel, esperam subir com o boato e vendem antes de a informação ser desmentida ou perder a força. Por isso, tentar entrar de carona nesses movimentos pode acabar mal. O grande especulador sai na alta e o pequeno desavisado acaba com o mico na mão.

Os suspeitos de sempre

Mesmo que a informação se confirme, não há garantia de que o banco vendido seja o Santander. Outras instituições europeias já foram alvo de comentários, até por conta da crise na Europa, que fragilizou as instituições. Entre os suspeitos de sempre, além do Santander, há o HSBC, que segundo alguns analistas gostaria de vender suas operações de varejo no Brasil, como está fazendo em vários outros mercados mundiais. O anúncio de que o banco britânico está vendendo uma subsidiária de varejo nos EUA esta semana poderia ter alimentado o boato.

No Brasil, o HSBC também vem adotando a linha de sair do varejo, reduzindo atividades e serviços para clientes de menor renda e procurando concentra-se na alta renda e nas grandes empresas. A orientação é dada pela matriz, que colocou no comando da operação brasileira André Brandão, ex-executivo de tesouraria e das áreas de grandes empresas e mercados de capitais, todas bem distantes do varejo. Há espaço para corte de estrutura e mudança de foco, dizem analistas, mas não para a venda de operações.

HSBC diz que fica

Consultado, o HSBC enviou nota negando a venda parcial ou total de suas operações locais. Segundo a nota, “o HSBC Bank Brasil, por meio de sua assessoria de imprensa, desmente, atribuindo a boatos e rumores de mercado, sua suposta venda parcial ou total para outra instituição financeira no Brasil”.

Para um ex-executivo de banco, não faria sentido a nenhum dos dois bancos europeus, tanto Santander quanto HSBC, vender as atividades no Brasil. “Só se fossem loucos de perder um mercado como o nosso, com potencial de crescimento que eles não têm na Europa”, diz. O Brasil representa 26% do lucro do Santander, enquanto a Espanha representa 13%, lembra. “E haveria ainda o problema da concentração de mercado, o governo deixaria o povo da Cidade de Deus ou do Jabaquara ficar com uma fatia tão grande do mercado”, afirma o executivo, referindo-se às sedes do Bradesco e do Itaú.

Mais bancos europeus

Outro analista lembra que o negócio pode envolver outro banco europeu, já que muitos estão se reestruturando em suas matrizes e podem estar reavaliando suas operações em outros países que não tenham tamanho significativo ou não sejam tão lucrativas. E cita o caso recente do francês BNP Paribas, que chegou a negociar a venda de seu segmento private no Brasil, mas depois voltou atrás e manteve o negócio.

 

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