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Natura entrega resultado fraco e sofre com ambiente competitivo, dizem analistas

A Natura divulgou ontem seus resultados referentes ao terceiro trimestre de 2013. Segundo analistas das corretoras do ItaúUnibanco e Concórdia, os números apresentados vieram fracos, sinalizando que a empresa começa a sentir o baque de um ambiente mais competitivo no mercado de cosméticos.

Em relatório enviado a clientes, o analista Vitor Paschoal, do Itaú, afirma que o segmento de cosméticos e fragrância, carro-chefe da companhia, perdeu 2,9 pontos percentuais na participação de mercado no primeiro semestre de 2013, em relação ao mesmo período do ano passado. “Isso confirma um ambiente mais desafiador na indústria de cosméticos, tornando incerta a perspectiva de crescimento da empresa no curto prazo”, afirma.

Segundo o analista, os ganhos da Natura no ano que vem estão sob risco, dada a elevada dependência que a empresa tem do lançamento de novos produtos para impulsionar o crescimento e reconquistar participação de mercado.

Para a analista da corretora Concórdia, Karina Freitas, mudanças sociais e demográficas no país e sinais de esgotamento no modelo de vendas da Natura, feitas principalmente por meio das consultoras, estão entre as prováveis causas da perda de fôlego da companhia, tanto no mercado doméstico quanto no exterior. Ela lembra que, fora do Brasil, a penetração da marca Natura ainda é muito pequena e deveria estar em franco crescimento, o que não está acontecendo. “As receitas da Natura com vendas no exterior ainda possuem representatividade limitada, chegando a apenas 17,4% da receita líquida”.

De acordo com Karina, investimentos em melhorias e inovação, como o desenvolvimento de novos meios de pagamento às consultoras e a expansão da Rede Natura, podem contribuir para fortalecer a recuperação da companhia, que investido em campanhas de marketing e no lançamento da linha popular SOU. “Acreditamos que as decisões apresentam potencial para fortalecer a presença da Natura no mercado brasileiro e recuperar a participação de mercado”, diz, em relatório.

Na avaliação de Paschoal, da corretora do Itaú, a estratégia de execução da companhia e sua capacidade de inovar são confiáveis. Contudo, “essas grandes iniciativas geralmente requerem um período de ajuste fino, implicando em maiores riscos e uma diluição de margem no curto prazo”.

O analista do Itaú mantém sua recomendação de “market perform”, ou seja, manutenção dos papéis em carteira, com perspectiva de desempenho em linha com a média do mercado. Ele estima ainda um preço justo de R$ 59,3 para os papéis, para o fim de 2013.

A analista da Concórdia reitera “a preferência da corretora por outras companhias do setor, até que seja possível enxergar resultados mais consistentes e satisfatórios por parte da Natura”.

Por volta das 16h45, as ações ordinárias (ON, com voto) da Natura tinham queda de 3,54%, sendo negociadas a R$ 45,54. O Ibovespa caía 1,29%, chegando a 54.727 pontos.

Resultados

A Natura informou ontem ao mercado que teve, no terceiro trimestre de 2012, uma receita líquida consolidada de R$ 1, 77 bilhão, 12,1% acima do registrado no mesmo período de 2012, mais uma vez impulsionada pelo desempenho das operações internacionais que, excluindo a Aesop – empresa australiana que teve sua aquisição concluída em fevereiro – apresentou alta de 34,2%, na mesma comparação.

No Brasil, a receita líquida no terceiro trimestre de 2013 foi 5,4% superior ao terceiro trimestre do ano anterior, reflexo do aumento da base de consultoras ativas (+2,9%) e da produtividade destas no período (+2,9%).

A geração operacional de caixa medida somou R$ 398,3 milhões no período, 3,5% acima do mesmo trimestre do ano anterior. Na última linha do balanço, a Natura apontou um lucro líquido atribuível aos acionistas controladores de R$ 183,7 milhões, queda de 22,8% comparativamente ao 3T12.

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