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Antigo Banco da Bahia vai virar chinês

Fundado em 1898, o Banco BBM, antigo Banco da Bahia, que já foi um dos maiores bancos de varejo do país, anunciou hoje uma operação de venda de 80% de suas ações para o Bank of Communications (BoCom), da China.  Após a transferência de controle, o BBM permanecerá com 18,73% do total de ações ordinárias (ON, com voto), 15,04% do total de ações preferenciais (PN, sem voto) e 17,97% do total de ações do capital social em circulação.

O negócio depende ainda da aprovação pelo Banco Central (BC) e dos regulamentos da República Popular do país. Segundo informações do jornal Valor Econômico, serão vendidos 119.626.920 papéis ON e 30.739.854 ações PN para o BoCom por R$ 525 milhões.

O BBM foi o que restou do Banco da Bahia, instituição típica da época em que o país tinha apenas grandes bancos regionais. Fundado pela família Mariani, a instituição cresceu financiando o comércio da Região Nordeste. Seu presidente, Clemente Mariani, participou ativamente da política do país e chegou a ser ministro da Educação no governo Dutra e, depois, ministro da Fazenda no governo de Jânio Quadros. Foi ainda responsável pelos primeiros negócios da família no segmento petroquímico, com o início do que viria a ser o Polo Petroquímico de Camaçari.

Nos anos 70, porém, o banco envolveu-se em uma disputa de mercado com o também baiano Banco Econômico, do ex-ministro da Indústria e Comércio do governo Ernesto Geisel, Angelo Calmon de Sá. A disputa foi tão violenta que ambos os bancos terminaram em dificuldades e o Banco da Bahia acabou vendido para o Bradesco, encerrando suas atividades de varejo. O Econômico sobreviveu, para ser liquidado em 1996.

O BBM continuou atuante como braço do grupo econômico da família Mariani, especialmente no ramo petroquímico, e como banco de investimentos, disputando a liderança do mercado nos anos 1990 com o Garantia, o Pactual e o Icatu.  Nos anos 2000, passou a se dedicar mais à gestão de recursos. 

O banco era conhecido pela formação de executivos respeitados pelo mercado que acabavam ocupando cargos importantes na administração pública, como o ex-presidente do Banco Central Fernão Bracher e o ex-diretor da Área Externa, Beny Parnes.

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