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Qualicorp cai 29% após prometer R$ 150 milhões para acionista fundador não sair

As ações da administradora de benefícios Qualicorp despencaram hoje na B3, após a companhia anunciar que vai pagar R$ 150 milhões para que o acionista fundador José Seripieri Filho não venda sua participação e não faça concorrência à empresa. Na prática, a empresa perdeu quase um terço de seu valor de mercado. O acordo de não alienação e não competição foi assinado para evitar que Seripieri Filho venda os 15% do capital social da Qualicorp, equivalentes a 13.652.913 ações, por seis anos. A ação ordinária (ON) da companhia caiu 29,37%, para R$ 11,64. Para a corretora Guide Investimentos, os termos do acordo foram negativos no que diz respeito à governança corporativa da empresa.

Além disso, Seripieri se compromete a não competir com os negócios da Companhia e não solicitar qualquer cliente, fornecedor, distribuidor ou qualquer pessoa a deixar seu emprego ou deixar de prestar serviços para a Qualicorp. Em contrapartida, a Companhia pagará ao Acionista o valor total líquido de impostos de R$ 150 milhões a título de indenização, à vista. O prazo de vigência da obrigação de não competição poderá ser estendido por 2 anos, a qualquer tempo, até o 5º ano da data de assinatura do contrato, e a exclusivo critério da companhia, mediante o pagamento de indenização adicional ao acionista.

Em caso de descumprimento das obrigações pelo acionista, o contrato prevê a aplicação de multa, a ser paga em favor da Companhia, de até 150% do valor da indenização.

A empresa justificou o acordo afirmando que  o mercado de atuação da Qualicorp está em momento de forte transformação e o Conselho de Administração entendeu essencial contratar alinhamento estratégico e de longo prazo com o acionista, fundador e principal liderança da companhia.

Utilizando como referência trabalhos de consultoria, contratados a pedido do Conselho de Administração e prestados pelas empresas McKinsey, Spencer Stuart e Mercer, o conselho decidiu negociar contrato de não alienação de ações detidas pelo Acionista e não competição de negócios pelo prazo de 6 anos, prorrogáveis, nos termos acima mencionados. Baseado nas referências de mercado indicadas pelos consultores da companhia, o Conselho de Administração entendeu que o valor estipulado para a indenização paga ao Acionista pelas obrigações e prazo assumidos são equitativos e em condições de mercado.

Segundo a companhia, não há terceiros na mesma situação do acionista que possuam o mesmo conhecimento sobre a companhia e seu mercado de atuação. A contratação com o acionista de alinhamento estratégico, de longo prazo e de não competição, “agrega significativo valor ao negócio da companhia”, diz a empresa em nota ao mercado. O fato teria sido referendado ao Conselho de Administração pelas consultorias externas contratadas pela companhia.

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