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Notícia que Vale vai trocar ações PNA por ON anima investidores; papel sobe 5%

Reportagem do jornal Valor de hoje informa que os sócios da Vale estão discutindo a renovação do acordo de acionistas da companhia, que vence em abril deste ano. Entre as propostas, os sócios, que incluem os fundos de pensão de estatais (formados pela Previ, do Banco do Brasil, Funcef, da Caixa Econômica Federal, Petros, da Petrobras, e Funcesp, da Cesp), a Bradespar, do Bradesco, o BNDES e a japonesa Mitsui, analisam algumas mudanças importantes para o investidor.

Entre elas, está a migração das ações preferenciais (PN, sem voto) série A para ordinárias (ON, com voto). Assim, a Vale passaria a ter apenas ações ON, com voto. Segundo o jornal, o acordo deve refletir a busca por aperfeiçoamentos na governança da Vale. Além da renovação do acordo de acionistas, a Vale terá que definir também o futuro do presidente da empresa, Murilo Ferreira, cujo mandato vence em 23 de maio de 2017. Ele foi indicado em 2011 para substituir Roger Agnelli, que se desentendeu com o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Outra mudança seria a redução do prazo do acordo de acionistas, de 20 para 6 anos.

As mudanças foram vistas como positivas por analistas e as ações sobem na BM&FBovespa, 4,98% a PNA e 6,02% a ON. Segundo a Guide Investimentos, a unificação das ações fará com que o controle da Vale fique mais pulverizado, na medida em que os atuais acionistas seriam diluídos, o que tende a melhorar a governança da empresa. Seria um movimento semelhante ao que ocorreu com a Embraer e BR Foods. Além disso, a unificação das ações abre o caminha para a empresa ser listada no Novo Mercado da BM&FBovespa, onde as regras de governança são mais rígidas.

Essa discussão ainda pode garantir maior liquidez para as ações que estão amarradas pelo bloco de controle, abrindo espaço para a possível saída de outros acionistas, como a Funcef. A corretora observa que, também para a Bradespar, a renovação do acordo de acionistas, nas mesmas condições atuais (ou semelhantes), é positiva. Uma estrutura de maior liquidez para os acionistas dentro do bloco de controle também deve refletir positivamente no papel, diz a Guide.

Dúvidas no processo

Já a XP Investimentos observa que a empresa deve incluir cláusulas para se proteger de eventuais ofertas hostis no acordo de acionistas. Mas a corretora levanta algumas dúvidas. A primeira é qual será a relação de troca entre as ações preferencias série A (PNA) e as ordinárias. A segunda, é quanto tempo deverá levar essa troca. A XP acredita que ela deverá demorar.

De qualquer maneira, a corretora considera a notícia positiva para a Vale, pois melhora sua governança e atrai mais investidores com a concentração de classe de ações apenas em ON, pois vários estrangeiros só compram ações com direito a voto. “Isso poderia gerar um novo upside (potencial de alta) para o ativo, até mesmo em relação aos concorrentes”, diz a XP em relatório.

Samarco de volta

A corretora chama a atenção para outra notícia positiva para mineradora. Ontem, o ministro de Minas e Energia Fernando Coelho Filho afirmou em Davos que a Samarco, joint venture entre a Vale e a BHP, deve voltar a operar em dois meses. O ministro disse que a mineradora voltará aos negócios tendo abordado todos os problemas ambientais e legais que tinha.

De olho no minério de ferro

A conversão de ações PNA em ordinárias deve destravar valor e fazer os papéis subirem, diz a consultoria WhatsCall. A consultoria afirma, porém, que não acredita ser sustentável o preço atual do minério de ferro e que o risco de queda é grande. “Portanto, se você tem ações de Vale para o longo prazo, comece a estudar vender um pouco cada vez que o minério ultrapassar os US$ 80 atonelada”, diz a WhatsCall em relatório. Hoje, o minério de ferro está cotado a US$ 83,60.

 

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