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Minoritário questiona BNDES por informação privilegiada em venda de ações da Triunfo

O investidor minoritário Christian Bojlesen enviou uma carta à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na qual questiona a venda de ações da Triunfo feita pelo BNDES enquanto poderia ter informações privilegiadas sobre as negociações, em andamento, da recuperação extrajudicial do grupo que enfrenta dificuldades financeiras. A reportagem é de Gustavo Kahil, do site MoneyTimes.

“O que me levou a formalizar a reclamação não tem a ver com o meu investimento, mas sim com um movimento de mercado muito estranho sendo feito há meses. Isso ficou bem claro agora quando o BNDESPar revelou que tinha cortado expressivamente a sua participação”, destaca Bojlesen em entrevista concedida ao Money Times.

Na carta de 15 páginas, o investidor alega que o braço de investimentos do banco, a BNDESPar, reduziu a sua participação de 14,75% em março para até 5,09% para não ser considerado parte relacionada e poder interferir nas negociações com os credores. A Lei de Falências e Recuperação de Empresas não permite que isso seja feito com uma participação superior a 10%.

Segundo Bojlesen, a “venda brusca e atípica de ações foi feita de posse de informação material e não pública, o que enseja uma rigorosa apuração por parte da CVM”. Ou seja, o banco teria se desfeito dos papéis após executar garantias da CONCER e CONCEBRA, da Triunfo, precedendo o pedido de Recuperação Extrajudicial, fato que ainda não era público.

“Até o momento não existe informação ou indício que qualquer outro credor ou parte relacionada tenha vendido ações nas mesmas circunstâncias ou divulgado publicamente o teor das discussões entre credores. Ou seja não houve vazamento de informação, houve aparentemente uma deliberada opção por vender as ações a mercado, diluído em negociações diárias ao longo de multíplas semanas, por parte de BNDES/BNDESPAR”, continua a carta.

Minoritários

O investidor ressalta que, enquanto o BNDES briga com a Triunfo, os minoritários é que tem pagado o pato.  “A Triunfo possui uma base acionária bem pulverizada em Pessoas Físicas, que têm ficado a mercê de informações desconexas na imprensa, rumores, possível negociação com informações não públicas, e de ataques especulativos que inflaram em muito o volume normal e razoável para o tamanho da empresa”, destaca.

Bojlesen disse ao Money Times que irá continuar com o seu investimento na empresa por acreditar que a empresa é solvente e só passa por dificuldades de liquidez de curto prazo. “É um caso de assimetria entre o preço e o valor”, ressalta. Ele avalia que, agora, só a CVM tem o poder de investigar as datas das vendas e o estágio das conversas com credores e se houve o uso dessas informações.

O BNDES foi contatado pela reportagem, mas não respondeu a solicitação de informações.

 

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