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Lucro do Santander cresce 37% no 1º tri; rentabilidade sobe para 15,9% e supera meta de 2018

O Banco Santander Brasil fechou o primeiro trimestre com um lucro líquido de R$ 2,280 bilhões, um crescimento de 37,3% sobre o R$ 1,660 bilhão do mesmo período do ano passado e 14,7% acima do R$ 1,989 bilhão do quarto trimestre de 2016. Foi a primeira vez que a rentabilidade trimestral do banco superou os R$ 2 bilhões e o 12º trimestre de crescimento em 13 trimestres seguidos.

Meta de 2018 antecipada

A rentabilidade do banco também subiu, com o retorno sobre o patrimônio líquido anualizado atingindo 15,9%, bem acima dos 12,6% do mesmo trimestre do ano passado e da rentabilidade dos primeiros trimestres desde 2013, que ficaram em torno de 12% ou até abaixo disso, em 11%. “Superamos nosso objetivo de rentabilidade de 15,6% do patrimônio, prevista para 2018 apenas, bem antes”, destacou Sergio Rial, presidente executivo do Santander.

Mais perto dos concorrentes

Segundo ele, o resultado mostra uma grande evolução do banco, que era criticado por seu retorno abaixo da média dos concorrentes. “Reduzimos essa diferença, que era de 10 pontos percentuais em 2012 para 5 pontos agora e vamos reduzir ainda mais este ano”, afirmou em entrevista sobre os resultados.

Sinais de retomada da economia

O presidente do Santander diz que começa a ver sinais de retomada da economia, que ajudaram na melhora do resultado do banco. “Começamos a ver um crescimento da carteira de crédito que é resultado da melhora da economia”, afirma. Segundo ele, pode-se dizer que se trata apenas de um trimestre, comparado com um período difícil que foi o começo do ano passado, mas ele já representa uma transição para uma nova fase da economia pós-recessão.

Mais receitas, menor inadimplência e gasto reduzido

Rial justificou o crescimento do lucro e da rentabilidade do Santander pelo avanço nas receitas, redução da inadimplência e aumento da eficiência com controle de custos. As receitas totais cresceram 18,8% em 12 meses e 8,7% no trimestre,  com maiores ganhos no varejo, especialmente na área de cartões, que teve forte crescimento. “Independentemente das mudanças no crédito rotativo, o segmento de cartões é um dos nossos pilares, e temos muito espaço para crescer pois o número de usuários de cartão ainda é baixo no Brasil”, diz, estimando que o banco tenha uma fatia de mercado de 14%.

O banco reforçou também a área de gestão de grandes fortunas no private bank, o que favoreceu o crescimento de ativos sob gestão.

Houve um aumento de 16,7% na margem bruta financeira e de 24,3% nas comissões em um ano, com maior utilização de serviços do banco. “O cliente bem atendido se torna vinculado e é três vezes mais rentável”, diz. O total de clientes cresceu 4% no trimestre, para 20,2 milhões, e os que utilizam meios digitais aumentaram 36,2%, de 5 milhões par 6,9 milhões em 12 meses. O número dos que fazem transações via celular quase dobrou, com aumento de 91,6% em 12 meses.

Provisões recuaram

As provisões também ajudaram no lucro com uma redução de 6,6% sobre o ano passado. A melhora veio depois que o banco baixou para prejuízo uma operação grande de uma empresa que estava em atraso. O índice de inadimplência acima de 90 dias fechou março em 2,9%, em queda em relação aos 3,4% de dezembro e os 3,3% de março de 2016.  “Houve um aumento dos atrasos até 90 dias, mas foi uma operação que foi paga logo no início de abril e não vai impactar os atrasos acima de 90 dias”, explica.

A queda mais expressiva nos atrasos ocorreu nas empresas, de 2,7% da carteira para 1,9%, por conta da baixa contábil, cuja companhia devedora não foi identificada pelo Santander. No caso das pessoas físicas, a queda da inadimplência foi de 4,7% em março do ano passado para 4% neste ano.

Despesas sobem menos que receitas

Já as despesas totais do banco, que incluem amortização e depreciação, caíram 4,2% no trimestre em relação a dezembro, mas cresceram 7,1% em um ano. As despesas gerais, que consideram só gastos com pessoal e administrativo, cresceram 5,9% em um ano e caíram 5,1% no trimestre.

O Índice de Eficiência do banco atingiu 44,9%, o melhor em cinco anos, enquanto a margem financeira subiu 16,7%. As comissões aumentaram 24,3%

Carteira de crédito cresceu 3,6% puxada por pessoas físicas

Já a carteira de crédito cresceu 3,6% sobre março de 2016, confirmando os sinais de recuperação da economia, diz Rial, com destaque para o crédito para pessoas físicas, que cresceu 9,8% sobre o ano passado. O consignado teve o maior crescimento, com 31,7% em um ano, e o financiamento ao consumo aumentou 9,4%. Rial destaca o crescimento dos financiamentos de veículos da financeira, acompanhando a melhora do setor automobilístico.

No crédito para pessoas jurídicas, houve queda de 4,6% nas pequenas e médias e de 1,1% nas grandes, mas em parte pelo impacto do dólar, que caiu no período e reduziu o valor da carteira, especialmente das empresas maiores. Sem a variação cambial, a carteira de empresas do Santander cairia menos, 1,8%.

Carteiras de crédito devem voltar a crescer

Para Rial, “existe espaço para o sistema financeiro como um todo continuar melhorando sua posição de crédito”. Ele admite que o movimento é pequeno, mas já há sinais de crescimento. Segundo ele, o Brasil vai embarcar em uma era de juros de um dígito que trará mudanças importantes para o sistema, que terá de se tornar mais eficiente. “A qualidade da gestão vai ser mais importante, reduzir despesas e aumentar a eficiência”, diz.

A queda da inflação também ajudará na retomada da economia, diz Rial. “Em 2015, tínhamos inflação de dois dígitos e agora caminhamos para algo em torno de 3,5%, e não devemos subestimar a capacidade de reação da economia brasileira”, diz. Com esse ambiente de inflação baixa e juros, que “não sei se vão ser de 9% ou 8,5%”, diz Rial, “é impossível que em 2018 não tenhamos uma retomada”, afirma.

Crédito imobiliário pode começar antes

Ele acredita que o crédito imobiliário deve puxar esse aumento. “Não tenho dúvidas que os juros dos empréstimos imobiliários vão cair, e mesmo com o desemprego e o estoque elevado de imóveis vamos ter uma retomada de crédito nesse setor, até pelo déficit habitacional do país”, afirma. Ele espera um crescimento maior que os 3,5% a 4% previstos para 2018. “A retomada não é para agora, para este ano, mas o ano que vem a economia vai se recuperar”, diz. A agenda de reformas também vai ajudar ao dar estabilidade para a economia.

Já no caso das grandes empresas, a retomada dos empréstimos pode demorar mais, pois muitas estão ajustando sua estrutura financeira, reduzindo dívidas e custos. “Mas as empresas devem sair com resultados melhores neste trimestre pela retomada da economia, até porque a maioria reduziu tanto os estoques que qualquer atividade mais forte já provoca uma melhora”, diz.

Balanços de empresas devem vir melhores

Ainda assim a expectativa de Rial é de que a retomada do crédito ocorra no segundo semestre no caso das grandes empresas. Já nas pequenas, o setor deve se beneficiar já da queda dos juros. “A retração deste primeiro trimestre em crédito de pequenas ainda é reflexo do ano passado”, afirma Rial, que diz estar “absolutamente otimista” com a retomada da economia.

Desindexação deve ajudar a reduzir juros

Ele espera também que a queda da inflação, o juro de um dígito e as mudanças na TJLP ajudem a economia a se desindexar e a reduzir os juros dos empréstimos. Também é preciso uma redução na inadimplência, que acaba embutida nos juros. Mas, para Rial, é preciso também aumentar a conscientização da população para reduzir as taxas.  “Há maneiras contábeis de explicar as taxas altíssimas do crédito no Brasil, mas é injustificável uma taxa de juros de 500% ao ano e os próprios bancos têm interesse em mudar isso”, afirma.

No caso da TJLP, a mudança para a Taxa de Longo Prazo (TLP), que terá como referência os juros de mercado dos papéis do Tesouro Nacional, é um sinal concreto de mudança que pode permitir uma queda maior dos juros no longo prazo e abrirá espaço para os bancos privados financiarem o investimento produtivo. “Nos últimos leilões de privatização, houve grande interesse mesmo sem os créditos do BNDES e com uso do mercado de capitais ou dos bancos para financiar”.

O mesmo, diz, deve ocorrer em outras linhas subsidiadas, como o crédito imobiliário. “Quanto mais o Brasil reduzir o crédito direcionado, mais teremos capacidade de nos posicionarmos no mercado de crédito imobiliário”, diz.

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