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Lucro da Cielo cai 17,8% no 2º tri e papel cai 7%; empresa distribuirá R$ 3,5 bi aos acionistas

A empresa de meios de pagamento Cielo anunciou um lucro líquido de R$ 818 milhões no segundo trimestre, 17,8% abaixo do registrado no mesmo trimestre do ano passado. O número ficou abaixo também das estimativas do mercado, que trabalhava com um lucro de R$ 955 milhões, ou 14,4% mais.

A empresa vem sofrendo forte concorrência no mercado das máquinas de cartões, com a entrada agressiva da PagSeguro e diversos bancos buscando uma fatia desse segmento. Para compensar o resultado mais fraco, a companhia anunciou a distribuição de R$ 3,5 bilhões em proventos, incluindo dividendos e juros sobre capital próprio, referentes ao ano fiscal de 2018. A companhia também passará a pagar dividendos trimestrais, e não mais semestrais.

Apesar disso, o papel ordinário (ON, com voto) da Cielo está em forte baixa na B3, de 7,8%, negociado a R$ 14,66, a maior queda do Índice Bovespa, que recua 1,27%, para 79.256 pontos.

A receita líquida da Cielo subiu 3,4%, para R$ 2,927 bilhões, até acima do esperado pelo mercado, de R$ 2,911 bilhões, mas isso não se traduziu em maior lucratividade. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Lajida ou Ebitda, indicador de geração de caixa) caiu 10,3% sobre o ano passado, para R$ 1,147 bilhão. A margem do Ebitda em relação à receita também caiu, 6 pontos percentuais, para 39,2%.

Segundo a corretora Guide Investimentos, os números foram pressionados pelo cenário econômico ainda fraco e a competição. No trimestre passado, houve maior pressão de custos e despesas, que não conseguiram ser compensados por conta do fraco volume de transações e por uma menor receita de pré-pagamentos. Para a Guide, o cenário segue desafiador para a Cielo, com menor número de transações. O volume financeiro capturado pela Cielo Brasil foi fraco, com queda de 5,9% na quantidade de transações e alta de 0,3% no volume financeiro. sobre o ano passado. As transações com cartão de crédito cresceram 7,1%, mas não compensaram a queda de 8,5% nas operações de débito.

A Guide avalia o resultado como negativo e o quadro ainda desafiador para a empresa. Para este ano, há espaço limitado para aumento dos lucros, apesar de a empresa tentar garantir a rentabilidade para os investidores via dividendos. Mas há ainda a indefinição regulatória, a concorrência acirrada e a recuperação ainda gradual da economia para atrapalhar.

Já o BTG Pactual destaca os resultados fracos e observa que a empresa gastará mais em publicidade para competir com a PagSeguro com sua marca Stelo, de maquininhas mais populares. Apesar da distribuição de dividendos e da queda de 30% do papel no ano, o banco segue cauteloso, com recomendação neutra (manter) para o papel e preço justo de R$ 20,00.

Segundo o relatório, assinado por Eduardo Rosman e Thiago Kapulskis, a Cielo perdeu mercado para a Rede GetNet e em cartões de crédito e débito. A empresa deve anunciar medidas para a retomada, que segundo o BTG devem incluir uma dinâmica de preços mais saudável, um mix mais favorável com mais crédito que débito, um mix ainda favorável de clientes, com grandes lojas crescendo mais que as pequenas, o crescimento do pré-pagamento para os varejistas, o Receba Rápido uma menor taxação de Imposto Sobre Serviços.

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