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Itaú Unibanco deve comprar varejo do Citibank no Brasil, Colômbia e Argentina

O Itaú Unibanco deve ficar com os clientes de varejo do Citibank no Brasil, segundo fontes consultadas pelo blog Arena. O prazo final para fechar a operação, segundo fontes do mercado, é 10 de agosto. O banco disputava a carteira de clientes com o Santander, mas a instituição espanhola teria desistido diante das dificuldades operacionais para transferir a clientela. Outros bancos, como o Bradesco e o J. Safra, também teriam olhado o banco americano, mas não se interessaram tanto.

Já o Itaú, além do perfil parecido da clientela com a de sua área de varejo de alta renda, o Personnalité, também tem vantagens na compra das operações da Argentina e da Colômbia, que virão junto com o varejo brasileiro. Na Argentina, o Itaú deve retomar o mercado de varejo, abandonado nos últimos anos por conta das dificuldades do país. O Citi reforçará também a posição de varejo de alta renda do Itaú na Colômbia, onde o banco brasileiro já está presente por meio da aquisição do CorpBanca, que atua também no varejo do Chile.

Segundo uma fonte que pediu para não ter seu  nome citado, o Santander teria se desinteressado porque o Citibank não vencerá o banco, mas apenas transferirá a clientela. E cada cliente tem várias conexões com conta corrente, aplicações, empréstimos, serviços, seguros que terão de ser transferidos gradualmente, e não de uma vez como se o banco fosse transferido. E nem todas as operações poderão ser totalmente transferidas imediatamente. “Um cheque pré-datado do Citibank para daqui seis meses, vai ser liquidado por quem?”, exemplifica. Nesse caso, será preciso manter um acordo operacional com o Citibank até que todos os compromissos sejam resolvidos, o que representará um custo difícil de ser calculado pelo comprador.

Outro executivo diz que parte das empresas de menor porte, que não ficarão com o Citibank, já estariam sendo transferidas para o Itaú, outro sinal da preferência pelo maior banco privado do país.

Proximidade

Desde o começo do processo, existia de parte do Citibank um interesse maior que o comprador fosse o Itaú por ter uma proximidade maior de operação e pelo apetite por comprar Brasil, Argentina e Colômbia. O interesse primordial é vender os três países, e não fatiado. O Itaú também já tinha comprado a área de cartões de crédito do Citibank.

Os dois concorrentes fortes desde o começo eram Itaú e Santander, este último até com mais apetite. Itaú já é o maior banco privado, o Bradesco está incorporando o recém-comprado HSBC e o J. Safra é um banco de nicho, sem experiência em aquisições. “Mas a adaptação do cliente ao Itaú seria melhor que ao Santander.”, diz um executivo, que pediu  para não ter seu nome citado. “Até porque o modelo do Personnalité sempre foi o Citigold.”

Esse executivo lembra ainda que a variável principal do negócio é retenção de clientes. “É o que vale na hora de definir o preço”, diz. E há também o interesse do Citibank em vender tudo. “Para o Safra, não valeria por exemplo pagar mais por Argentina e Colômbia se o interesse é Brasil.”

Outro fator que beneficia o Itaú é que cliente que sai do Citibank tende a ir para o banco brasileiro, por seu tamanho e modelo parecido. E grande parte dos clientes Citigold tem conta também no Itaú. “O Itaú ganha com demora no processo, pois o cliente se cansa e vai para onde já tem conta”, diz esse executivo. Ele acrescenta que o Itaú continua também com a proposta de ser banco latino-americano e já tem agências no Brasil, Argentina, Chile e Colômbia, o que permitira uma vantagem maior no caso de compra.

Com a operação, o mercado brasileiro se concentrará um pouco mais, apesar de o Citibank ser relativamente pequeno no varejo. “No fim, o Brasil é um país com cinco bancos, sendo dois públicos”, diz o executivo.

O Citibank continuará no Brasil ainda com as operações de atacado, com grandes empresas, corretora e private banking.

Procurada para confirmar as informações, a assessoria do Citibank informou que “o Citi não comenta”. A assessoria do Itaú informou que não pode comentar nada sobre o tema. A assessoria do Santander não respondeu.

 

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