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Fintechs inovam, mas domínio dos bancões no Brasil vai continuar, diz Moody’s

As fintechs estão liderando a inovação no segmento de banco digital no Brasil, mas os bancos tradicionais serão os que determinarão o escopo das mudanças no setor, afirma a Moody’s Investors Service em relatório divulgado hoje. O número de “startups” e fintechs no Brasil cresceu nos últimos anos, o que faz do país o maior mercado de tecnologia financeira da América Latina, diz a agência de risco. No entanto, muitas dessas “startups” são exclusivamente focadas ou em pagamentos ou em gestão de ativos. Apenas 2%  oferecem serviços múltiplos.

 Ao mesmo tempo, os principais bancos do país, liderados por Itaú Unibanco, Banco do Brasil (BB) e Bradesco  ampliaram os serviços de banco digital para aumentar a eficiência e atrair os clientes da “geração millennial”, um segmento crescente no mercado consumidor e que tem preferências distintas.

Fintechs não assustam, diz Setubal

Em evento na semana passada, o presidente do Itaú, Roberto Setubal, já havia dito que as fintechs não assustavam tanto o banco. Segundo ele, o Itaú está atendo à evolução das fintechs, empresas de tecnologia que estão ganhando mercado com produtos inovadores de distribuição de crédito, aplicações e serviços. “Estamos correndo atrás, mudamos nossa área de tecnologia, mas observamos que a evolução tecnológica do Itaú está no mesmo padrão das fintechs, estamos cobrindo a diferença tecnológica”, disse. As fintechs devem trazer novos modelos de negócios, mais eficientes, diz Setubal, mas ele acha que o banco tem condições de evoluir, se adaptar. “Os bancos vão perder margem, mas vão perder pouco mercado.”

Serviços digitais crescem

 “A mudança estrutural na demanda e comportamento dos clientes está levando os bancos a focarem cada vez mais em canais de serviços alternativos”, afirma Ceres Lisboa, vice-presidente sênior da Moody´s. “Os bancos também têm interesse nas plataformas de banco digital porque enxergam oportunidades de redução de custos, uma vez que a economia brasileira segue fragilizada após uma prolongada recessão”.

Menos agências

O crescimento da oferta de serviços digitais tem permitido aos bancos reduzir gradualmente suas redes físicas. Nos últimos três anos, o Itaú fechou 10% de sua rede de agências, enquanto o Bradesco também planeja fechar agências após a aquisição das operações brasileiras do HSBC. E até mesmo o Banco do Brasil, que como banco público tem algumas limitações relacionadas a aquisições e parcerias, fechou agências nos últimos dois anos à medida que amplia seus serviços digitais por meio de desenvolvimentos internos. 

Redução expressiva dos custos

Com o fechamento de agências, os bancos cortam pessoal, manutenção, materiais, transportes e gastos com segurança, o que responde por cerca de dois terços do total de despesas administrativas no sistema bancário. Esta economia com despesas ajuda os bancos a financiar os significativos investimentos em TI necessários para o desenvolvimento e lançamento das estratégias digitais, que a Moody’s estima vão chegar a aproximadamente R$ 5 bilhões por ano.

Estratégias digitais diferentes 

Cada banco tem adotado abordagens ligeiramente diferentes na implementação de suas estratégias digitais, que incorporam riscos e oportunidades. O Itaú e o BB moveram-se rapidamente para colocar seus clientes em plataformas digitais, o que permite aos funcionários gerenciar um número maior de contas. O Itaú também tem ampliado o uso de Big Data para melhorar a originação e aumentar as vendas cruzadas, ao mesmo tempo em que tem construído ativamente relacionamentos com fintechs e startups, por meio de uma incubadora que ajuda o banco a estar por dentro de novos desenvolvimentos tecnológicos com um investimento modesto.

O Bradesco, além de oferecer serviços digitais a seus clientes, também pretende lançar uma unidade bancária totalmente digital no final deste ano para atrair a clientela mais jovem; ela funcionará paralelamente às  operações do banco tradicional

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