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Escritório abre ação nos EUA contra o Bradesco por perdas com Operação Zelotes

O escritório americano Rosen Law Firm anunciou na sexta-feira que entrou com uma ação em Nova York contra o Bradesco em nome dos investidores que compraram American Depositary Receipts (ADR, recibos de ações brasileiras negociadas no mercado americano) entre 30 de abril de 2012 e 31 de maio de 2016. A ação é para recuperar perdas provocadas pelas investigações da Operação Zelotes, que apuram a compra de sentenças no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) do Ministério da Fazenda.

A ação está aberta para outros investidores que quiserem participar. Para isso, devem recorrer à Corte até 2 de agosto ou procurar a Rosen Legal.

A decisão veio depois que o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, e mais dois executivos do banco foram indiciados pela Polícia Federal no dia 31 de maio, sob acusação de terem tentado negociar com um escritório de lobistas para influenciar o julgamento de uma ação em que o Bradesco contestava uma multa de cerca de R$ 3 bilhões e buscava recuperar créditos tributários de PIS e Cofins. Pelo menos uma reunião com os lobistas teria ocorrido em outubro de 2014, na Cidade de Deus, em Osasco, sede do Bradesco, segundo a PF.

O banco negou as acusações e argumentou que perdeu o processo no Carf por unanimidade, e que Trabuco não participou das conversas com os lobistas. Já a PF informou que o presidente do banco teria sido comunicado o tempo todo das negociações feitas pelos executivos. A notícia do indiciamento de Trabuco provocou a forte queda das ações do Bradesco, de 6% no dia.

Segundo o escritório americano, o banco brasileiro teria divulgado informações falsas ou incompletas aos investidores e falhado em tornar público que o banco estaria envolvido em um esquema de subornos no Carf, e que seus executivos estariam planejando evitar uma multa de US$ 828 milhões da Receita Federal . O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, e outros diretores e funcionários estariam envolvidos em suborno, lavagem de dinheiro e corrupção.

A ação afirma ainda que os controles internos do Bradesco sobre seus informes financeiros e seus controles de transparência e procedimentos não foram efetivos. Portanto, conclui a ação, os fatos relevantes divulgados pelo banco foram materialmente falsos e enganosos em todos os momentos importantes. Quando os verdadeiros detalhes chegaram ao mercado, os investidores sofreram danos.

Bradesco não vê oscilação que justifique ação

Em nota, o Bradesco reafirmou os esclarecimentos dados na época do indiciamento de Trabuco e “entende não ter havido oscilações relevantes no preço dos papéis da instituição para justificar a movimentação dos investidores no sentido de uma ação judicial”. O banco acrescentou que vai contratar escritórios americanos para representar a instituição nessas questões. “O Bradesco está confiante na absoluta lisura dos seus procedimentos”, afirma o banco em nota, acrescentando que “não houve qualquer contratação para utilização de outros assessores que não os advogados tributaristas que já acompanhavam o assunto”, referindo-se ao processo no Carf.

 

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