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BB lucra R$ 2,6 bi no 2ª tri, crescimento de 6%; retorno cai para 12,1% e crédito recua 7%

O Banco do Brasil fechou o segundo trimestre do ano com um lucro líquido de R$ 2,619 bilhões, 6,2% acima do registrado no mesmo período do ano passado e 7,2% superior ao do trimestre anterior. O número ficou dentro do esperado pelo mercado, que estimava R$ 2,639 bilhões. O retorno sobre o patrimônio líquido ficou em 12,1%, abaixo dos 12,3% do mesmo trimestre do ano passado, mas acima dos 11,5% do primeiro trimestre. A ação do BB está estável na B3, enquanto o Índice Bovespa cai 1%, para 66.982 pontos.

O resultado foi melhor pela queda nas provisões para devedores duvidosos, de 19,6% em 12 meses, e do aumento de receitas com serviços e tarifas, de 7,3%. A participação em coligadas caiu 2,7% em relação ao mesmo trimestre do ano passado, enquanto as despesas operacionais recuaram 4,4%, com destaque para a queda das despesas de pessoal, de 2,8%, e administrativas, de 1,4%.

A margem financeira do banco, que compara os ganhos obtidos com as operações de crédito com as despesas de captação, recuperação de crédito e resultados de tesouraria caiu 0,2% no segundo trimestre em relação ao mesmo período de 2016.

O índice de Basileia do banco, que compara o patrimônio do banco com seus empréstimos ponderados pelo risco, e que indica a capacidade de ampliar a carteira de crédito, ficou em 9,2%, acima dos 8,4% de junho de 2016.

Carteira de crédito cai 7,6%

A carteira de crédito, por sua vez, teve uma queda de 7,6% em 12 meses, para R$ 696,1 bilhões, ante R$ 753 bilhões em junho de 2016. Houve uma redução no ritmo de queda, que estava em 11,4% no primeiro trimestre, o que pode indicar uma recuperação. A carteira de pessoas jurídicas caiu 15,4%, sob influência da redução em capital de giro para empresas, de 14,6%, e títulos e valores mobiliários, 18,2%.

Emissão de LCI caiu 25,7%

Com menor demanda por crédito, o banco reduziu a emissão de títulos para captação, especialmente de Letras de Crédito do Agronegócios (LCA), em 25,7%. A carteira de pessoas físicas caiu de R$ 189,7 bilhões em junho de 2016 para R$ 185,9 bilhões em 2017. Já o agronegócio cresceu de R$ 184,5 bilhões para R$ 188,2 bilhões.

Inadimplência maior

A inadimplência do BB subiu de 3,26% da carteira para 4,11%, segundo o BB. Sem um caso específico de uma grande empresa, esse percentual seria de 3,70%, igual à média de mercado, diz o banco. O aumento do percentual reflete também o efeito da queda da carteira de crédito, que reduz a base de comparação.

Créditos renegociados crescem 8%

Na carteira de créditos renegociados, houve um aumento de 8% sobre o segundo trimestre do ano passado, para R$ 27,042 bilhões. As baixas para prejuízo dessa carteira subiram 91,7% no segundo trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, atingindo R$ 1,986 bilhão.

Previsão agora é de queda nos empréstimos de até 4%

Diante do recuo de 7,6% em relação a junho do ano passado e de 1,7% no primeiro semestre deste ano, o banco revisou também as expectativas (Guidance) para o ano, com o crescimento da carteira de crédito passando de +1 a 4% para -1% a -4%. A maior queda ocorrerá em pessoa jurídica, cuja projeção passou de -4% a 1% para -11% a -8%. Para pessoas físicas, a projeção de crescimento diminuiu, de 4% a 7% para 2% a 5%.

A estimativa de margem financeira bruta sem recuperação de crédito saiu de 0 a 4% para -4 a 0. E as despesas administrativas passaram de crescimento de 1,5% a 4,5% para -2,5% a 0,5%.

Maior seletividade reduziu crédito

A corretora Coinvalores destacou a redução nas provisões para devedores no resultado do segundo trimestre. Essa melhora decorre das iniciativas do atual management do banco para trazer os seus resultados para um patamar mais próximo dos seus pares privados. Entre essas iniciativas está uma maior seletividade na concessão de crédito o que culminou na queda de 7,6% na carteira de crédito. Ainda assim, a inadimplência continuou avançando no BB, um dos pontos negativos do trimestre, observa a Coinvalores.

Mas a inadimplência dos bancos em geral, tem crescido muito por conta de alguns casos específicos de grandes empresas, não por conta de uma piora generalizada, destaca. “Vemos essa melhora no resultado já bem precificada, o que deve mitigar o efeito do resultado nos papéis do banco”, diz a corretora, lembrando que o BB ainda anunciou juros sobre capital próprio de R$ 0,17 (valor já líquido de imposto) por ação aos acionistas posicionados em 21 de agosto. O pagamento será dia 31 de agosto.

Deutsche manda comprar ação

Em relatório, o Deutsche Bank recomenda a compra das ações do BB, com preço justo de R$ 39,00o. O analista Tito Labarta considerou o resultado do segundo trimestre melhor que o esperado destacando a queda nas despesas. O lucro veio 10% acima do projetado pelo analista, que vê o papel sendo negociado com desconto em relação ao seu valor patrimonial, de 1 vez apenas. Os riscos são aumento da inadimplência, baixa margem de juros e um fraco crescimento do crédito.

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