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Semana tem mudanças na Lava Jato, arrecadação, IPCA-15, relatório de inflação, confiança da indústria e do consumidor

A semana abre com a viagem do presidente Michel Temer para Nova York na segunda-feira, onde participa de encontro com o presidente americano Donald Trump, antes de reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) na terça-feira, dia 19. Na assembleia, o destaque deve ser a Coreia do Norte e suas ameaças à paz global, o que pode levar o ditador Kim Jong un a responder com mais testes de mísseis e ameaças.

Há também a posse da nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que substituirá Rodrigo Janot. Um dos primeiros atos de Dodge, segundo antecipa a revista Época, deve ser a publicação de portaria dando 30 dias para a saída da atual equipe do grupo de trabalho da Lava Jato na PGR.

Na economia, o mercado acompanha de perto o IPCA-15 de setembro, que serve de prévia para a inflação oficial e que sai na quinta-feira. No mesmo dia,  as atenções se voltam para o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), que pode dar novas pistas para o ritmo de redução dos juros básicos nos próximos meses. Haverá ainda a divulgação, pela Receita Federal, dos valores da arrecadação de agosto, e outros termômetros de inflação. Já na segunda-feira saem prévias do IGP-M e do IPC-S, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e, na quarta-feira, a segunda quadrissemana do IPC-Fipe.

Ibovespa no recorde

O mercado deve continuar de olho nas projeções para os juros e para a inflação na segunda-feira no relatório Focus do Banco Central (BC). Há também a expectativa com relação à bolsa, já que o Índice Bovespa fechou no maior nível em pontos da história na sexta-feira, acompanhando outras bolsas internacionais. A combinação de grande liquidez internacional, baixa taxa de juros e crescimento mundial sem inflação nos Estados Unidos e Europa favorecem os mercados de risco e os emergentes, em especial as bolsas.

No Brasil, a troca de comando na Procuradoria Geral da República pode reduzir as ameaças ao presidente Temer, mas ainda há os desdobramentos das denúncias feitas por Rodrigo Janot contra o presidente e o PMDB, que devem travar a votação das reformas da Previdência e política no Congresso. Mas a retomada da economia mais forte que o esperado pode continuar dando fôlego para o Ibovespa, que ainda está longe de seu pico histórico se for considerada a inflação do período ou o dólar.

Relatório Trimestral de Inflação

A equipe do Banco Fator lembra que o RTI é a peça mais importante do regime de metas, reunindo informações do período e as decisões e motivações do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central em relação à política monetária.
“O relatório (RTI) atualiza as estimativas do Copom para atividade e inflação e, em seus boxes, trata de temas específicos que dependem das perguntas que surgem de tempos em tempos e merecem tratamento técnico”, destaca o Banco Fator. Os analistas da Rosenberg Associados lembram que o RTI é peça condicional da redução gradual do ritmo de queda da Selic, balizando a projeção do mercado para taxa básica, estimada em 7% ao final deste ano.

IPCA-15 e IGP-M

O Fator estima uma inflação de 0,18% para o IPCA-15 de setembro e de 2,63% em 12 meses. Para a segunda prévia do IGP-M deste mês, espera que a aceleração registrada na primeira prévia, 0,34%, se mantenha, com a estimativa de 0,43% para segunda, levando em conta que o valor para o mês de agosto, de 0,1%, foi o primeiro positivo após três meses de deflação.
Para a Rosenberg Associados, o IPCA-15 deve sair com variação de 0,11%, abaixo da variação observada no mês anterior (0,35%). O IPCA-15 em doze meses deve continuar em queda, passando de 2,7% para 2,6%. No mês, a consultoria destaca a pressão no grupo Alimentação e Bebidas, reflexo da queda disseminada nos itens in natura. O grupo Habitação arrefece com a deflação do item energia elétrica, diante da queda da tarifa cobrada pelo regime de bandeiras.

Arrecadação: leve melhora

A Receita Federal publica nesta segunda-feira os valores da arrecadação de agosto. Para o banco Fator, a estimativa é de R$ 98.326 bilhões, valor que confirmado representaria um crescimento nominal de 7% em relação a arrecadação federal de agosto de 2016. Segundo análise da equipe em relatório a clientes, nota-se uma melhora modesta na arrecadação, com crescimento médio nominal de 5% nos últimos seis meses.

Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias

Outro destaque da semana é o decreto de contingenciamento que se segue à divulgação do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias. No documento bimestral, o governo avalia se há espaço para gastar mais ou necessidade de contingenciar despesas para atingir a meta de déficit fiscal. Segundo análise do banco Fator, a revisão da meta de 2017 para um déficit R$ 20 bilhões maior em agosto, assim como os ainda fracos valores da arrecadação, sinalizam a dificuldade fiscal que deve ser evidenciada neste relatório.

Confiança da indústria e do consumidor

O mercado também vai estar atento esta semana para a divulgação, pela FGV, dos indicadores de confiança da indústria e do consumidor (sexta-feira, 22), referentes ao mês de setembro. O Fator lembra que indicador da indústria vem em alta de dois meses seguidos, depois da forte queda de junho. O índice para o consumidor tem oscilado abaixo do nível de maio, quando a crise política criou cenário de piora das expectativas, o que acabou se confirmando. A Serasa deve apresentar na semana os dados sobre demanda por crédito de consumidores e empresas.

Situação do emprego

Também se espera para esta semana que o Ministério do Trabalho anuncie os dados relativos ao Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) referentes a agosto. Em julho, houve criação de 35,9 mil novas vagas formais, o que surpreendeu o mercado, com destaque positivo para comércio, serviços e indústria de transformação.

Política monetária dos EUA: no radar

No cenário internacional, o destaque fica com a reunião, na quarta-feira, do Comitê de Mercado Aberto (Fomc), do Federal Reserve (Fed, banco central americano),  responsável pelo estabelecimento da política monetária dos EUA, e a sabatina da presidente da instituição, Janet Yellen, logo após a divulgação do comunicado.
A expectativa, dizem analistas da Rosenberg Associados, é de que o Fed comece o programa de enxugamento de seu balanço nesta reunião, revendendo os papéis que comprou dos bancos para aumentar a liquidez do sistema. Isso levará a uma forte redução de recursos no mercado, mas deve ser feita de maneira gradual.

Também se espera que seja possível inferir, pelas projeções trimestrais, comunicado e coletiva, a disposição da instituição por uma nova elevação de juros ainda neste ano – que aparecia nas projeções dos agentes em março e junho, mas vinha sendo questionada após dados mais fracos de inflação no curto prazo.

Europa e Japão

Na quinta-feira, o Banco Central Europeu publica o Boletim Econômico, que apresenta a informações econômicas e monetárias que constituem a base para as decisões do Conselho do BCE. Serão divulgados na semana também os valores de exportações e importações do Japão e o índice de atividade industrial. A balança comercial do país em julho teve superávit de 418.8 bilhões de yens.

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