Arena Renda Fixa, Tesouro Direto

Porto Seguro recomenda: prefira as NTN-B de médio prazo, mais gordinhas

A expectativa de continuidade no corte dos juros básicos torna a aplicação em papéis indexados ao IPCA um bom negócio para o investidor, apesar da queda esperada da inflação nos próximos anos, afirma Ricardo Espindola, gestor de renda fixa e crédito privado da Porto Seguro Investimentos. Ele vê oportunidade nos papéis de prazo intermediário, que hoje estão com taxas mais altas que os curtos e os de prazo mais longo. “Gostamos cada vez mais da parte intermediária da curva, por isso vendemos as NTN-B mais longas em nossos fundos”, afirma. “As intermediárias estão com juro real mais alto que as longas, enquanto as mais curtas, além do juro menor, sofrem com a queda da inflação, que reduz seu ganho final”, explica.

Hoje, no site do Tesouro Direto, as NTN-B Principal, com juros pagos no fim da aplicação, pagavam 5,43% ao ano mais IPCA para o vencimento 2019, 5,62% para 2024 e 5,55% para 2035.

Sugestão de leitura Empiricus: Como funciona o Tesouro Direto.

Ao comentar os resultados dos fundos da gestora, Espindola disse que acham que este é o momento de reduzir a parcela das aplicações em juros de curto prazo, Selic ou CDI, e colocar mais risco na carteira, com papéis de prazos intermediários. “Temos uma visão construtiva do juro real e vamos manter as aplicações em NTN-B ao longo de 2017”, diz.

Crédito Privado, oferta deve aumentar

Na parte de crédito privado, que hoje representa 8% apenas do fundo de inflação da casa, o Porto Seguro IMA-B, a ideia é aumentar gradualmente esse percentual quando surgirem oportunidades. “Houve poucas operações corrigidas pelo IPCA lançadas pelas empresas”, diz.

Os fundos de Renda Fixa da Porto Seguro ganharam mais que o CDI no ano passado com apostas na queda dos juros aplicando em papéis que travam as taxas, os prefixados ou com corrigidos pela inflação com juros reais prefixados. Espindola lembra que a expectativa de redução da Selic pelo Banco Central reduziu os juros reais das NTN-B, de mais de 6% no ano passado para 5,5% a 6% este ano. E, com a surpresa da queda mais forte da inflação, os juros de curto prazo caíram mais que os intermediários. “A assimetria ficou muito grande”, diz o gestor, que admite que a volatilidade dos fundos de renda fixa vai aumentar por conta das apostas de maior risco.

No crédito privado, Espindola espera um ano melhor que 2016, pela crise grave e prolongada que derrubou os preços de muitos papéis de empresas em meio a anúncios de pedidos de recuperação judicial. A Porto Seguro aproveito essa queda para comprar papéis corporativos no mercado secundário.

Bancos não precisam de dinheiro e juros dos CDB caem

Em dezembro, as taxas pagas pelos grandes bancos nas aplicações em CDBs e outros papéis caíram, já que as instituições não estavam emprestando e portanto não precisavam de dinheiro. E isso reduziu também as taxas do mercado secundário, já que os papéis antigos ficaram mais disputados. “Esperamos uma retomada do crédito para os bancos subirem de novo suas taxas pagas aos investidores”, diz. Para compensar, os fundos alongaram suas aplicações e concentraram os vencimentos no segundo semestre de 2017. Outra estratégia foi trocar papéis que rendem um percentual do CDI pelos que pagam CDI mais uma taxa. Assim, se o CDI cai, a taxa extra se mantém e reduz o impacto.

O gestor espera que o volume de emissões privadas aumente este ano, uma vez que a procura pelos papéis foi grande nos últimos meses. “Esperamos manter a segurança nos fundos, com carteiras mais conservadoras e bem alocadas para bater o CDI, mas sabemos que, com a Selic mais baixa, os prêmios também devem ser mais baixos”.

Ganhos com juros no exterior

Já o gestor de fundos multimercados da Porto Seguro destaca a estratégia de diversificação que protegeu as carteiras das turbulências internacionais, como a saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit) e a eleição inesperada de Donald Trump nos EUA. Mas ele espera um aumento da volatilidade neste ano. O fundo ganhou também com a queda dos juros locais e com os juros americanos, que subiram após a eleição de Trump pelo receio de que sua política aumente a inflação nos EUA.

Para este ano, o gestor manteve o cenário e alogaram um pouco as aplicações. O fundo continua apostando na alta do juro americano e tem também uma posição comprada em bolsa brasileira e em dólar, para se proteger de uma reversão de cenário. Mas reduziram a posição em renda fixa brasileira depois da queda dos juros.

Gestora está otimista com mercado de ações

Nos fundos de ações, o gestor Marcelo Faria* diz que está otimista com a bolsa neste ano. Ele lembra que há uma tendência já definida de juros para baixo mais acentuadamente que começou neste mês e deve continuar. Faria diz também que a gestora está otimista com a aprovação da reforma da Previdência no Congresso mesmo sabendo que ela deverá ser modificada. “De zero a 10, ela deve sair com nota 6, mas já vai ser bom e isso vai se refletir nos preços das ações”, diz. A atividade econômica também pode surpreender no segundo semestre.

Os riscos para esse cenário são novas denúncias da Operação Lava Jato, o comportamento de Donald Trump nos EUA e, o que Faria considera o maior, algum problema na China, que deve passar por um teste de sua estabilidade financeira interna ainda este ano.

O gestor destaca que o fundo tem hoje uma carteira mais diversificada hoje, com foco em empresas de qualidade, e parte dessa exposição é feita via mercado de opções, o que limita as perdas.

*Corrige nome do gestor.

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