Arena Renda Fixa, Debêntures

Oi e Comgás suspendem ofertas de debêntures de R$ 1,2 bilhão

As fortes oscilações dos mercados por conta da expectativa de alta dos juros nos Estados Unidos estão prejudicando as ofertas de papéis de empresas brasileiras. Hoje, duas empresas importantes anunciaram a desistência de operações que, somadas, atingem R$ 1,2 bilhão.

A Oi anunciou que cancelou a oferta de R$ 800 milhões em debêntures, “tendo em vista a necessidade de ajustes ao cronograma da oferta para adequa-lo às atuais condições do mercado”.

Também hoje, a Comgás anunciou hoje que desistiu de uma oferta de ações de R$ 400 milhões, que estava na reta final. A oferta da Comgás foi registrada na Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima) em fevereiro e seria uma das primeiras de infraestrutura de grande porte a ir a mercado. A oferta da Comgás havia sido suspensa pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por conta de declarações de diretores sobre a operação feitas à imprensa.

As suspensões das operações de renda fixa se somam às de ações, que já vinham sofrendo com a forte queda da bolsa brasileira. No mês passado, a Votorantim Cimentos desistiu da oferta que abriria seu capital (IPO, na sigla em inglês) no dia em que anunciaria o resultado da operação, na qual a empresa pretendia levantar até R$ 10 bilhões.

Na época, além da forte queda das ações no mercado em geral, analistas apontaram o fato de a Votorantim oferecer não ações com direito a voto, mas recibos chamados de units, que representam uma ação ordinária e duas preferenciais, sem direito a voto. “Num ambiente conturbado, os investidores até poderiam aceitar pagar um pouco mais, mas não por um papel sem voto, aí fica uma imagem negativa da empresa em termos de governança”, diz um executivo do mercado que pediu para não ter seu nome citado.

Fora a operação da Votorantim, diversas outras de empresas menores e que nem tinham chegado ao mercado devem estar sendo adiadas, até que os bancos e empresários saibam para onde vai o mercado brasileiro depois que os Estados Unidos retirarem os incentivos à economia, de US$ 85 bilhões em recompras de títulos, o que pode começar a ocorrer já a partir de setembro.

O adiamento das captações é ruim para o mercado e para a economia, pois significa que as companhias terão de adiar investimentos, o que pode comprometer ainda mais o crescimento do país, que já vem sendo revisado para baixo. A saída pode ser reduzir os valores a serem investidos e a busca por outros tipos de crédito, como empréstimos bancários, mas que também podem ter custos mais elevados.

 

 

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