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Meirelles diz que Eletrobrás já tem interessados; melhora da economia pode ajudar reformas

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse hoje que não haverá dificuldades em privatizar a Eletrobrás. Segundo ele, o interesse dos investidores pela empresa é grande. “Existe interesse e será viável vender a Eletrobrás e as outras empresas anunciadas”, afirmou, estimando que as vendas ocorram no ano que vem. “A Casa da Moeda tem interessados, a Lotex tem muitos interessados”, disse hoje, ao participar do 8º Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais em Campos do Jordão.

Segundo Meirelles, houve uma demora para anunciar as privatizações devido à necessidade de preparar a estrutura das empresas para a venda. “O processo de preparo é complexo, é preciso selecionar os ativos, como no caso dos aeroportos, se vai vender Congonhas, e como vai ser essa venda, se a Infraero vai participar depois, mas tudo foi equacionado”, disse.

Giannetti critica pressa na privatização

Analistas criticaram a forma como o governo anunciou as mais de 50 privatizações na semana passada, de uma só vez, e pouco mais de um ano antes do fim do governo. “O governo não pode vender a prataria da família para cobrir um déficit de curto prazo”, alerta Eduardo Giannetti da Fonseca. Segundo ele, o governo de Michel Temer quer usar de maneira açodada a privatização para desviar a atenção das questões estruturais e animar o mercado financeiro. “Acho altamente improvável levar esse processo adiante nesse prazo curto”, disse.

Já Meirelles afirma que, como todas as condições foram equacionadas na maioria das privatizações, o processo de venda será mais rápido. “Se demoramos muito tempo para lançar as privatizações foi porque estávamos preparando o processo”, disse.

Reforma trabalhista pode criar 6 milhões de empregos

O ministro afirmou também que a reforma trabalhista e a terceirização poderão criar 6 milhões de empregos nos próximos dois a três anos. Ele cita o exemplo da Alemanha, que fez uma reforma trabalhista em 2003, o que permitiu a queda do desemprego de 10% para cerca de 6%. “Entre três e cinco anos podemos ter essa criação de empregos, com as reformas e a retomada da economia”, disse.

Reforma da Previdência

Sobre a reforma da Previdência, Meirelles acredita que as análises de políticos que dizem que ela não será aprovada neste governo, mas apenas no próximo, tem duplo significado: o primeiro, uma visão de que como o processo é muito difícil, é melhor deixar para depois; o segundo, que os políticos querem se reeleger, e não querem se envolver na aprovação das mudanças. Mas o ministro acredita que a ideia de começar o próximo governo discutindo a reforma da Previdência não agrada os políticos que querem se eleger no próximo ano, e nem os candidatos à Presidência. “É interessante que a reforma da Previdência seja aprovada agora, inclusive para a oposição”, afirma.

Ele espera que a retomada da economia, que já está dando seus sinais nos indicadores de alguns setores como têxteis, informática, indústria automobilística e, mais discretamente no emprego, vão favorecer a discussão da reforma da Previdência no Congresso, até por melhorar o ambiente econômico no ano que vem, quando ocorrem as eleições.

Caiado diz que não passa

Hoje, o senador por Goiás Ronaldo Caiado, líder do Democratas no Senado, partido da base do governo, afirmou que a reforma da Previdência não vai ser aprovada este ano nem no próximo e ficará para o próximo governo. “Essa matéria não tramitará antes do processo eleitoral”, afirmou. Ele defendeu, porém, a aprovação da Taxa de Longo Prazo (TLP) para os financiamentos do BNDES e que os subsídios sejam dados no Orçamento Federal.

Já Meirelles destacou a recuperação da economia, afirmando que “estamos saindo progressivamente do mais longo e profundo processo de recessão da história brasileira, e haverá redução do papel do Estado na Economia, com reformas microeconômicas trazendo melhoras no ambiente de negócios e as reformas estruturais aumentando a produtividade e retirando as incertezas fiscais”. Segundo ele, o país está no início de um processo de crescimento sustentável, que pode levar a um aumento do Produto Interno Bruto (PIB). “Estamos saindo da recessão e vamos surpreender muito”, disse.

Segundo estudo do Ministério da Fazenda apresentado por Meirelles, o Brasil teria condições de crescer 3,7% com a aprovação das reformas. Sem as reformas, o crescimento deve ser menor, 2% ao ano.

 

 

 

 

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