Arena Renda Fixa, CDB

Geração explora fascínio do brasileiro pelo “juro mágico” de 1% ao mês com novo CDB

A Geração Futuro, corretora do grupo Brasil Plural, resolveu aproveitar o fascínio dos brasileiros pelo juro alto para oferecer um Certificado de Depósito Bancário (CDB) com a “taxa mágica” de 1% ao mês e pagamento mensal da remuneração.

Depois que os juros caíram para 7,25% no ano passado, muitos investidores se sentiram órfãos nas aplicações de renda fixa, que rendiam pouco mais de meio por cento ao mês. Buscaram então as mais diversas formas de obter uma rentabilidade parecida, mesmo correndo mais riscos, como fundos imobiliários, Letras de Crédito Imobiliário e Letras de Crédito do Agronegócio. “Essa era uma das demandas que tínhamos dos clientes, onde aplicar o dinheiro para ganhar pelo menos o número mágico de 1% ao mês”, afirma Eduardo Moreira, sócio-fundador do grupo Brasil Plural. “Mesmo pessoas leigas que se reuniam para investimentos conjuntos, como construir casas para vender, estabeleciam como meta um ganho de 1% ao mês pelo menos.”

Hoje, diz o executivo, com os juros básicos subindo para 10,5% no curto prazo e os juros longos pagos pelo Tesouro projetando mais de 12% ao ano, surgiu a oportunidade de explorar esse fascínio. “O mercado permite que possamos repassar essa taxa para os clientes, o que outros bancos demoram mais para fazer”, diz. O juro de 1% ao mês equivale a 110% do CDI projetado pelo mercado nos próximos dois anos.

Aplicação de dois a cinco anos

O Banco Brasil Plural é o emissor dos papéis, batizados de Super CDB, que podem ter prazos de dois a cinco anos e aplicação mínima de R$ 5 mil. Os juros são creditados mensalmente, dentro da ideia de o investidor ter uma renda mensal, semelhante à caderneta de poupança. “Ele pode usar os recursos para as despesas, se manter, ou reaplicar”, diz.

Como são pagos logo no primeiro mês após a aplicação, os rendimentos são tributados com um imposto proporcional ao prazo – 22,5% até seis meses, 20% de seis meses a um ano, 17,5% de um ano a dois e 15% acima de dois anos.

Acima da poupança

Segundo Moreira, mesmo com o desconto do imposto de renda mais alto, o rendimento de 1% bruto supera o ganho da poupança. “Hoje as cadernetas pagam um rendimento líquido em torno de 0,6%, enquanto a taxa de 1%, mesmo com o imposto mais alto, de 22,5%, vai dar um retorno maior, de 0,77%”, diz.

O banco explora também a questão da garantia de depósitos, que cobre as aplicações até R$ 250 mil se a instituição quebrar. “O papel tem a mesma garantia da poupança”, afirma Moreira, lembrando que o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) também só cobre os depósitos em caderneta até o valor de R$ 250 mil. “Acima disso, mesmo na poupança, o cliente tem de confiar no banco”, afirma.

Menor oscilação

Como o juro é pago mensalmente, a oscilação do preço dos papéis diante da variação das taxas de juros do mercado é menor, uma vez que parte dos juros já vai sendo paga e não entra no cálculo do ajuste. Mas se o cliente resolver sacar antes do vencimento, o banco vai calcular o valor de acordo com a nova taxa do mercado pelo prazo do papel. Se o juro estiver acima dos 12% iniciais, o resgate pode ser menor. Mas o impacto, até pelo prazo mais curto, deverá ser bem menor que os das NTN-B do governo, que pagam IPCA mais juros, e que chegaram a perder mais de 10% no ano passado, lembra Moreira.

Comparação com Tesouro Direto

Comparando o papel da Geração Futuro com os do governo federal, o que mais se assemelha é a Nota do Tesouro Nacional série F (NTN-F), título prefixado que paga juros semestrais. Mas hoje o Tesouro só oferece esse tipo de papel no prazo de 9 anos, para 2023. Apesar da taxa mais alta, de 13,05% ao ano, é um prazo longo para um papel com taxa prefixada.

Para prazos mais curtos, há apenas as Letras do Tesouro Nacional (LTN), que pagam juros no final e ofereciam, para 2017, juros de 12,62% ao ano hoje. Para comprar esses papéis, porém, o investidor terá de pagar a taxa de corretagem da corretora que fará o negócio via Tesouro Direto, que pode ir de zero a 0,70% ao ano, e mais a taxa cobrada pela bolsa, de 0,30% ao ano.

Essas taxas podem reduzir o ganho do investidor no Tesouro Direto entre 0,30 e 1 ponto percentual ao ano. Nesse caso, o fato do Super CDB, como todos os outros CDBs do mercado, não ter essas cobranças é uma vantagem, pois seu ganho já é o final.

Juros prefixados

Outra coisa que o investidor deve ter em mente é que essa taxa paga pelo Super CDB é prefixada. Ou seja, se o juro subir acima de 12% nos próximos dois a cinco anos, a rentabilidade continuará a mesma.  Pelas projeções dos mercados futuros, a expectativa é de juros de 12,47% nos próximos dois anos e de 12,99% para cinco anos.

Caso o governo consiga controlar a inflação, essa taxa pode cair. Mas não muito, já que os juros americanos devem voltar a subir e pressionar as taxas locais nos próximos dois anos. Quanto maior o prazo, portanto, maior o risco para o investidor – ou o ganho, caso tudo dê certo, o Brasil entre nos eixos, derrube a inflação e os juros voltem a cair.

Há também a questão da reaplicação dos recursos. Se investir R$ 250 mil, o aplicador receberá R$ 2,5 mil por mês, insuficientes para reaplicar no Super CDB, que exige R$ 5 mil no mínimo. Nesse caso, terá de esperar dois meses para acumular R$ 5 mil. E não há garantia que as condições de rentabilidade serão as mesmas daqui a seis meses ou um ano.

De qualquer maneira, o Super CDB mostra que, após a alta dos juros, há mais oportunidades para o investidor na renda fixa que permitem uma maior diversificação com taxas atrativas.

Mais 20 mil clientes

Moreira estima captar R$ 100 milhões no Super CDB no primeiro momento, com 20 mil clientes novos para Geração Futuro. Mas a meta da corretora é chegar a 100 mil novos clientes este ano. O site da corretora foi reformulado para permitir a abertura de cadastro e aplicação totalmente online. “Criamos um sistema em que o cliente não precisa mandar documentos, temos uma empresa que confirma as informações fornecidas e ele pode fazer a aplicação em cinco minutos”, diz.

E ao que parece a meta será cumprida, tendo em vista a agitação de Moreira ao telefone durante a entrevista. “Está uma loucura isto aqui.”

A fusão da Geração Futuro com a Brasil Plural ainda aguarda aprovação pelo Banco Central.

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