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Estudo da Kroll mostra que fraudes nas empresas ainda passam em branco no Brasil

Apesar dos avanços regulatórios que se seguiram à Lei Anticorrupção (12.846/2013) e das operações policiais que investigam casos de suborno, lavagem de dinheiro e outros atos ilícitos, as fraudes corporativas ainda são pouco detectadas. Mais de 90% dos executivos brasileiros admitem que a exposição às fraudes aumentou e 68% confirmam a incidência de más condutas nos últimos doze meses.
Os dados são do Relatório Global de Fraude & Risco 2016/2017 da consultoria Kroll, que entrevistou 545 altos executivos de grandes empresas em todo o mundo, sendo mais de 50 no Brasil. Fernanda Barros, diretora da operação brasileira da Kroll, considera que, apesar de recentes progressos na implementação, os programas de compliance precisam ser reforçados. “Ainda há deficiências relevantes nos controles internos e, como consequência, as empresas demoram mais para detectar falhas e fraudes do que em países onde os programas de conformidade são melhor estruturados”, afirma a executiva.
Economia em compliance
Segundo ela, a crise acabou por restringir os investimentos em compliance, fazendo com que os recursos destinados à essa área ficassem aquém do necessário para aperfeiçoar os controles. Conforme o relatório, embora seja requisito da boa governança manter uma estrutura dedicada aos temas de compliance com recursos, autonomia e independência, 44% das empresas não possuem departamento dedicado; 52% dizem que não contam com recursos suficientes e 36% afirmaram não terem autonomia e independência.
O relatório é tema da reportagem de capa da edição de março da Revista RI, que traz ainda entrevista exclusiva com o advogado escocês Barry Wolfe, da boutique de compliance preventivo, avaliação de riscos, gestão de crises e investigação de fraudes corporativas, Wolfe Associates. Segundo o especialista, a cultura de resultados a qualquer preço “gerou monstros corporativos que hoje se atolam em escândalos, prejuízos bilionários e em uma crise sem precedentes no meio empresarial do País”.
Na avaliação do fundador e leading partner da Strategos Consultoria Empresarial e fundador e presidente da Orchestra – Soluções Empresariais, Telmo Schoeler, a fraude corporativa anda de mãos dadas com a pública e política, já que o suborno e desvio de recursos requer conivência pelo menos entre dois personagens. “Os desvios não existiriam sem os prestadores de serviço e compradores de produtos e estes não poderiam praticá-los sem a colaboração dos entes públicos, políticos ou mesmo privados envolvidos”, explica.
A revista RI começará a circular na próxima segunda-feira, dia 13, mas a íntegra de sua versão eletrônica já poderá ser conferida pelos assinantes, a partir dessa sexta-feira no site da revista.
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